O neoliberalismo estagnou o Brasil, aponta Marcio Pochmann
Presidente do IBGE critica efeitos do receituário do Consenso de Washington e diz que produtividade não avançou apesar de reformas
247 - A estagnação da produtividade brasileira, acentuada ao longo das últimas décadas, está diretamente ligada à adoção das políticas neoliberais inspiradas no Consenso de Washington. A avaliação é de Marcio Pochmann, presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que publicou neste domingo (7) uma análise em suas redes sociais.
Pochmann afirma que, mesmo com avanços como o aumento da escolaridade, a redução da burocracia e a queda do chamado custo-Brasil, os progressos foram sistematicamente anulados por retrocessos. Para ele, o baixo dinamismo econômico tornou-se uma marca estrutural do modelo primário-exportador e rentista que ainda condiciona o país — justamente o padrão que o governo do presidente Lula (PT) busca romper, segundo o pesquisador.
O professor lembra que defensores do neoliberalismo sustentavam que a abertura comercial e financeira impulsionaria a produtividade, ao tirar o Brasil de uma suposta condição de economia fechada e atrasada, atribuída ao projeto nacional-desenvolvimentista iniciado na década de 1930. Contudo, mais de três décadas após essa abertura, o país convive com o avanço da informalidade, fenômeno que, segundo Pochmann, alimenta um “sistema jagunço” baseado em formas de banditismo social e fanatismo religioso.
Pochmann destaca ainda que o peso da economia brasileira no PIB mundial se reduziu drasticamente. Hoje, o Brasil representa menos da metade do que significava em 1980, um indicador que, para ele, evidencia o fracasso das promessas neoliberais e reforça a necessidade de um novo projeto nacional capaz de recuperar o dinamismo perdido.



