São Paulo, Minas e Santa Catarina lideram perdas com tarifaço dos EUA
Estados brasileiros enfrentam prejuízos bilionários após sobretaxa imposta por Donald Trump
247 - Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina registraram os maiores prejuízos no comércio com os Estados Unidos após a entrada em vigor do chamado tarifaço, implementado pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump. A informação foi divulgada em um levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV), que analisou os impactos das tarifas adicionais sobre as exportações brasileiras.
De acordo com a pesquisa, publicada pelo portal Metrópoles, Minas Gerais foi o estado mais afetado, com perda estimada em R$ 1,2 bilhão em exportações no período de um ano. Em seguida, aparecem Santa Catarina, com queda de R$ 515 milhões, e São Paulo, com retração de R$ 505 milhões. Também registraram recuos expressivos Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (ambos com R$ 477 milhões), além do Paraná (R$ 443 milhões). O estudo utilizou dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) referentes a setembro de 2025 em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Maiores quedas percentuais
A análise da FGV apontou ainda quais estados sofreram os maiores recuos percentuais em suas exportações para os EUA. Mato Grosso liderou a lista, com uma retração de 81%, seguido por Tocantins (74,3%), Alagoas (71,3%), Piauí (68,6%), Rio Grande do Norte (65%) e Pernambuco (64,8%).
Segundo a instituição, essa disparidade está relacionada ao perfil das exportações. Estados com pautas mais concentradas em determinados produtos foram mais vulneráveis à medida, como é o caso de Mato Grosso, cuja pauta inclui carne bovina, madeira e outros itens de origem animal. No Nordeste, produtos como frutas, mel e pescados também ficaram de fora das isenções e acabaram fortemente impactados.
Impacto menor do que o previsto
Apesar da intensidade das perdas, especialistas da FGV avaliam que o impacto pode ter sido atenuado em alguns setores. “Talvez o impacto do tarifaço tenha sido um pouco menor do que o imaginado, principalmente porque foi compensado, em parte, por produtos que já estavam isentos e tiveram aumento em suas exportações em estados. Isso é bom porque, de alguma forma, compensa os itens tarifados”, explicou Flávio Ataliba, pesquisador do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
O tarifaço e suas exceções
A medida de Trump elevou de 10% para 50% a alíquota de importação sobre parte dos produtos brasileiros. A decisão foi formalizada em uma ordem executiva assinada em 30 de julho, que classificou o Brasil como risco à segurança nacional dos EUA. O novo pacote tarifário está amparado na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977, e incluiu a declaração de uma nova emergência nacional voltada ao Brasil.
Embora a sobretaxa tenha afetado fortemente itens como café, carne e frutas, a Casa Branca excluiu quase 700 produtos da lista de restrições. Entre as exceções estão suco e polpa de laranja, minérios de ferro e componentes aeronáuticos – de grande relevância para a Embraer –, além de alguns combustíveis.
Perspectivas de negociação
Apesar do cenário desfavorável, os governos de Brasil e Estados Unidos retomaram nas últimas semanas os canais de diálogo sobre o tema. Há expectativa de que uma reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump aconteça em breve para discutir alternativas e tentar reduzir os impactos das medidas no comércio bilateral.



