Altman: ações das instituições contra a extrema direita podem se voltar contra a esquerda no futuro
Jornalista disse que o sistema político foi desenhado para impedir que as classes trabalhadoras sejam hegemônicas e alertou: "mergulhar no punitivismo não é a melhor coisa"

247 - Em participação na TV 247, o jornalista Breno Altman alertou para os riscos do crescente movimento punitivista de setores da esquerda e do Judiciário ao querer cassar políticos de extrema direita - ou até mesmo impedi-los de se candidatar. A fala se deu em uma discussão sobre os possíveis excessos no enfrentamento ao golpismo bolsonarista.
Altman se disse contrário à imposição de "filtros" para definir quem pode ou não concorrer na disputa eleitoral: "eu sou, por princípio, contrário às restrições nas disputas eleitorais. Eu sou favorável que todos os tipos de posições possam disputar a corrida eleitoral, sou contrário a absurdos como a Lei da Ficha Limpa, a qualquer tipo de filtro que não seja da soberania popular. Estabelecer filtros a partir do sistema de justiça não me agrada".
O jornalista fundamenta sua opinião afirmando que, ao fortalecer mecanismos de repressão a candidaturas políticas, a esquerda pode estar ‘cavando a própria cova’: "o pau que bate em Chico vai bater em Francisco. Da mesma maneira que você estabelece filtros que hoje são para barrar a extrema direita, esses mesmos filtros serão usados contra a esquerda mais cedo ou mais tarde. Como eu considero que o sistema político brasileiro, incluindo o de Justiça, foi desenhado para impedir que as classes trabalhadoras sejam hegemônicas no Estado, eu não quero que estas instituições se fortaleçam mais do que já estão fortalecidas, pelo contrário. Eu quero vê-las com menos poder”.
"É preciso escolher bem o caminho. Temos que tomar cuidado para não querer resolver os problemas de curto prazo, que é o enfrentamento ao golpismo bolsonarista, com medidas que acabam pavimentando um caminho de médio-longo prazo que é prejudicial à própria esquerda. Mergulhar no punitivismo não é a melhor coisa", concluiu Altman.
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