Eric Li diz que a Europa está em colapso e defende nova ordem global centrada na China
Em palestra na Croácia, o empresário chinês criticou duramente o modelo europeu e exaltou a força do projeto chinês no cenário mundial
247 - Durante uma palestra e sessão de perguntas na Croácia, o empresário e investidor chinês Eric Li fez críticas contundentes ao projeto europeu e ao papel do Ocidente na economia global.
De acordo com Li, “a Europa está desmoronando” e o modelo da União Europeia, baseado em uma estrutura excessivamente centralizada e burocrática, perdeu vitalidade. “O projeto econômico da Europa encalhou, e não será consertado em curto prazo”, afirmou. Segundo ele, a economia global está passando por um deslocamento de poder que favorece o Oriente, e a China deveria ter sido mais ousada na proposição de um novo modelo de desenvolvimento.
Europa em declínio, segundo Eric Li
Em sua fala, Eric Li criticou abertamente o distanciamento entre as instituições europeias e os cidadãos. “Quem são essas pessoas em Bruxelas? Você as conhece? Eu nem lembro dos nomes”, ironizou. Ele afirmou que o excesso de regras e regulações sufoca a autonomia nacional: “Eles têm volumes e volumes de regras, número 17, número 18… isso sufoca os países.”
Para o investidor, a União Europeia tornou-se um projeto “de cima para baixo”, que tirou dos povos o controle sobre seu próprio destino. “A gravidade econômica vai se deslocar. Vocês estarão muito melhor desenvolvendo alternativas em vez de continuarem integrando-se a um Titanic afundando”, declarou.
China tímida diante da crise ocidental
Li argumentou que, após a crise financeira de 2008, a China não percebeu a profundidade da decadência das instituições políticas ocidentais. “A China foi tímida demais. Deveria ter sido mais firme em propor suas ideias ao mundo”, disse.
Para ele, o país subestimou o impacto da crise e perdeu a chance de exercer um papel mais ativo na definição da nova ordem econômica global.
A era da competição e o fim das regras universais
O empresário afirmou que a atual disputa entre Estados Unidos e China vai muito além da guerra comercial e reflete um embate de modelos de poder. “A guerra comercial deve ser entendida como parte de uma competição em larga escala entre países”, explicou.
Segundo Li, o período de consenso em torno de um “sistema internacional baseado em regras” chegou ao fim. “Agora vivemos uma era de poder bruto, porque o poder brando falhou”, afirmou, destacando que a Europa está em posição vulnerável, por ter acreditado demais no “soft power”.
Soberania e controle das ideias
Questionado sobre a ausência de plataformas como Facebook e Google na China, Eric Li foi direto:
“Cada nação deve decidir que ideias dominam sua sociedade. O discurso é um ato — e atos precisam ser regulados.”
Ele disse respeitar os países que optam por liberdade total de expressão, mas defendeu o direito da China de seguir outro caminho. “Nós não acreditamos nisso. É nosso direito definir o que é melhor para nossa sociedade”, completou.
Pluralismo entre civilizações e limites do liberalismo
Para Li, o mundo caminha para um pluralismo entre civilizações, e não necessariamente dentro de cada uma delas. “Cada cultura deve encontrar sua própria forma de se organizar. É legítimo que um país queira um modelo diferente do outro”, afirmou.
Ele também apontou uma crise dentro das democracias ocidentais: “Estamos vendo democracias se revoltando contra o liberalismo. As pessoas querem recuperar o controle de seus países.” Citando Hungria e Polônia, destacou que esses povos estão reagindo à imposição de valores e regras vindas de Bruxelas.
O papel da China na nova globalização
O empresário destacou que o país pretende ampliar a conectividade com outras regiões por meio da Iniciativa do Cinturão e Rota (Belt and Road), apostando em infraestrutura física e digital. “Se você quer enriquecer, construa uma estrada”, repetiu, ecoando um ditado popular chinês.
Li afirmou que a China busca cooperação com autonomia: “Cada país decide como quer participar. Não impomos nossos padrões. Somos parceiros, não tutores.”
Uma visão alternativa de poder global
As falas de Eric Li refletem uma visão pragmática e nacionalista do sistema internacional. Ele vê a globalização liberal em declínio e defende um mundo multipolar em que cada país possa definir seu próprio caminho político e cultural.
Embora suas ideias sejam controversas, elas expressam uma narrativa que ganha força: a de que a China não quer apenas participar do sistema global, mas redesenhá-lo segundo seus próprios princípios de soberania, planejamento e identidade civilizacional. Assista:



