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    "Houve um julgamento público sem provas contra Silvio Almeida", diz advogada

    Advogada do ex-ministro critica a condução do caso na imprensa e questiona transparência da ONG que impulsionou as acusações

    (Foto: Divulgação | ABR)
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    247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, a advogada Juliana Faleiros, integrante da equipe de defesa do ex-ministro Silvio Almeida, afirmou estar convencida da inocência de seu cliente e criticou a maneira como as denúncias foram divulgadas na imprensa e nas redes sociais. Segundo ela, o caso foi tratado com "muita certeza e pouca dúvida" desde o início, o que resultou em um "julgamento público" sem apresentação de provas concretas.

    "Não estou dizendo que foram todos os veículos, mas houve uma viralização temerária de informações distorcidas e mentirosas", declarou. "O momento exigia cautela, mas houve uma pressão imediata para que Silvio Almeida fosse afastado, sem que houvesse a devida investigação dos fatos."

    Juliana Faleiros, que já foi aluna de Almeida na Universidade Mackenzie e hoje tem uma sólida carreira na área jurídica, destacou que sua trajetória profissional está ligada às questões de gênero e raça e que a defesa dos direitos das mulheres não deve ser utilizada de forma "irresponsável".

    Jornalisticamente, sua fala tem dupla importância, como ressaltou o jornalista Joaquim de Carvalho, que a entrevistou. Sua manifestação contempla o aspecto pessoal, com o testemunho de um professor respeitoso, e principalmente como advogada que faz uma defesa técnica.

    "Faço pesquisas sobre o tema há anos e defendo que todas as garantias republicanas sejam aplicadas de forma justa. Se os mecanismos de proteção forem utilizados de maneira errada, comprometem a própria luta contra a violência", afirmou.

    Sobre o que a convenceu da inocência de Almeida, Faleiros explicou que não pode revelar detalhes devido ao sigilo decretado pelo ministro do STF André Mendonça, mas reforçou sua confiança na integridade do ex-ministro.

    "Do que me foi apresentado, estou convencida de que ele não fez isso. Nunca suspeitei dele. Convivi muito tempo com ele, e nunca houve qualquer indicativo de um comportamento abusivo", pontuou.

    A advogada também questionou a transparência da ONG que institucionalizou a hashtag que impulsionou as denúncias. "Houve um levante nas redes sociais, e no Brasil foi criada uma ONG para acolher as vítimas. Mas não podemos questionar publicamente como essas informações foram coletadas e custodiadas? Isso não significa expor as denunciantes, mas garantir credibilidade ao processo", argumentou.

    Ela destacou que, no início do caso, a matéria do Metrópoles afirmava que Almeida era alvo de 14 denúncias, mas a Polícia Federal solicitou à ONG os documentos dessas acusações e recebeu apenas dois casos, sendo um posterior à publicação da matéria.

    "A fonte que sustentou a reportagem original não se sustenta mais. Algumas ex-alunas que foram procuradas para falar sobre Silvio estão dizendo publicamente que não tinham nada a relatar contra ele", afirmou.

    Juliana Faleiros também criticou o impacto das acusações precipitadas na imagem de um homem negro em um país estruturalmente racista.

    "O corpo negro do homem negro é visto como perigoso, como um indivíduo que deve ser controlado. Quantas vezes ouvimos: 'Nunca vi, mas acredito porque tem cara de culpado'? Isso é uma perspectiva racista. As instituições públicas precisam ter essa percepção, pois o próprio CNJ já determinou que o Judiciário deve adotar uma perspectiva de gênero e de raça", ressaltou.

    Sobre a decisão de Silvio Almeida de não pedir demissão do ministério, Juliana explicou que isso foi uma estratégia para preservar sua defesa.

    "Ele sabia que, se pedisse demissão, seria interpretado como uma confissão de culpa. Ele disse: 'Podem me demitir, mas vou me defender'. Isso não foi um ato de afronta ao presidente Lula, mas sim uma decisão baseada na convicção de sua inocência", esclareceu.

    A advogada concluiu ressaltando a importância de um julgamento justo e equilibrado. "A palavra da vítima é essencial e deve ser levada a sério, mas isso não significa criminalizar alguém sem provas. Precisamos garantir que as instituições funcionem corretamente para todos, caso contrário, o próprio enfrentamento à violência será prejudicado."

    A defesa de Silvio Almeida segue aguardando o avanço das investigações e reforça que o ex-ministro está disposto a colaborar com a Justiça. Assista: 

     

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