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“Israel foi desmascarado em sua limpeza étnica”, afirma Chico Teixeira que aponta risco de guerra nas Américas

Professor critica falsa paz em Gaza, denuncia apoio do Ocidente a Netanyahu e alerta: “Trump e a extrema-direita agora mirarão a América Latina

Palestinos deslocados retornam para suas casas enquanto caminham perto de casas destruídas em um ataque israelense durante o conflito, em meio à trégua temporária entre o Hamas e Israel, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 24 de novembro de 2023

247 - O historiador e professor Francisco Teixeira fez um alerta durante entrevista ao programa Boa Noite 247 ao comentar os efeitos do acordo de troca de prisioneiros entre Israel e Hamas. Para ele, o que se apresenta como avanço diplomático é, na verdade, “uma paz totalmente desigual, uma trégua precária”. 

Teixeira destacou que, enquanto reféns israelenses retornam a casas e hospitais, palestinos libertados encontram apenas ruínas. “Esses não têm para onde voltar. Muitos sequer têm mais família”, lamentou.

O professor classificou o cenário em Gaza como de devastação absoluta, comparando-o às ruínas de Pompeia após o Vesúvio. Ele denunciou ainda relatos de torturas sofridas por presos palestinos, inclusive crianças. 

“Israel mantinha 4.450 prisioneiros palestinos, 130 eram crianças. Um menino autista foi espancado porque não entendeu uma ordem militar”, relatou.

Teixeira enfatiza que não há paz possível sem a criação do Estado palestino. “Israel foi desmascarado no seu trabalho de limpeza étnica e genocídio, aos olhos do mundo inteiro”, disse, criticando a cumplicidade dos governos ocidentais que seguem apoiando Netanyahu.

Chico Teixeira também comentou a fala de Donald Trump no Parlamento de Israel, quando o presidente dos EUA sugeriu um “indulto prévio” a Netanyahu. Para o professor, este gesto revela a natureza do acordo: “É uma dupla de mentirosos contumazes. Não há como confiar em Trump ou Netanyahu.”

Chico Teixeira alertou que, após o enfraquecimento do conflito no Oriente Médio, Trump voltará os olhos para a América Latina. “Se isso ficar mais calmo no Oriente Médio, Trump vai ter tempo para se voltar às Américas. E aí teremos sérios problemas no continente”, destacou.

Teixeira teme uma escalada contra a Venezuela e critica a participação das Forças Armadas brasileiras em manobras com o Exército dos EUA. “Jamais lutarão contra os americanos. A doutrina militar brasileira é americana”, denunciou.

O professor comentou a premiação da opositora venezuelana María Corina Machado, exaltada pela imprensa. “Com tantas pessoas e instituições admiráveis, premiaram uma fascista. María Corina é ligada à Carta de Madri, ao Vox, a Eduardo Bolsonaro e Milei. Ela pede invasão do próprio país", disse.

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