Roberto Tardelli: "STF não recuará. Bolsonaro vai se complicar"

247 - O ex-procurador de Justiça Roberto Tardelli afirmou, em entrevista ao programa Boa Noite 247, que a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro diante do Supremo Tribunal Federal (STF) é cada vez mais delicada e pode resultar em prisão. Segundo Tardelli, a Corte não irá recuar frente às infrações cometidas por Bolsonaro ao descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.

"STF não recuará. Bolsonaro vai se complicar", disse Tardelli. Para ele, o ex-presidente “ainda está na marca do pênalti” e o STF tem agido com parcimônia ao evitar, até agora, a prisão preventiva.

Tentativa de provocar o STF

Tardelli interpretou as recentes atitudes de Bolsonaro, como a ida à Câmara dos Deputados e a exibição da tornozeleira eletrônica, como um movimento calculado para desafiar o Supremo.

"A visita dele à Câmara foi um desastre do ponto de vista processual. Ficou nítido que tudo estava voltado às redes sociais, das quais ele está proibido de se valer, por decisão do STF", afirmou.

"O que ele fez foi se exibir nas redes sociais nitidamente e desacreditar o Supremo", completou o jurista.

Ele avalia que Bolsonaro tenta forçar o STF a tomar uma atitude mais severa, como a decretação da prisão, para usar isso como pretexto político.

“A intenção do Bolsonaro é agravar o impasse para que os Estados Unidos – aquela antidemocracia do norte – reajam. Ele está esticando a corda para criar uma tensão máxima e justificar uma reação internacional em sua defesa”, afirmou.

Tardelli vê nisso uma tentativa de instrumentalizar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse para seu segundo mandato em 2025. "O objetivo do Trump é usar o Bolsonaro como bucha de canhão para tirar o Brasil dos BRICS", afirmou.

Restrições e medidas cautelares

Ao comentar a estratégia da defesa de Bolsonaro, Tardelli destacou que a alegação de que o ex-presidente não manipulou diretamente as redes sociais não se sustenta. “Usar a rede social não é apenas manipular diretamente. É se valer da rede social. Ele não pode. Ponto”, frisou.

"Ele exibe uma tornozeleira para uma câmera, que vai exatamente para a rede social. Ora bolas", ironizou.

Tardelli reconhece que a defesa de Bolsonaro tenta explorar possíveis ambiguidades do despacho de Moraes, mas considera que a jurisprudência está consolidada.

“O ministro Alexandre foi parcimonioso. Ele respeitou a idade, o estado clínico, a condição de ex-presidente. Se fosse outro réu, mais jovem, ele já estaria preso”, analisou.

Prisão é uma possibilidade concreta

Apesar de não cravar a data, Tardelli acredita que a prisão de Bolsonaro é iminente. “A chance é grande”, declarou, embora admita que já houve muita frustração com a demora. “Nós já cansamos de esperar. A gente faz sempre a previsão negativa porque, se for preso, é surpresa. Se não for, a gente diz: eu já sabia.”

“Ele não está preso porque Alexandre de Moraes entendeu que ainda não é o caso de prender. Mas ele está dando corda”, disse o ex-procurador.

Segundo Tardelli, o comportamento do ex-presidente indica risco de fuga, o que legitimaria a prisão preventiva. “Com toda a vitimização dele e do Eduardo Bolsonaro, era claro e evidente que estavam cravando uma situação de exílio político nos Estados Unidos.”

“A função do juiz e do Ministério Público é dificultar essa fuga, quando ela se mostra provável. E a possibilidade é real.”

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