Volney Pitombo expõe riscos da plástica banalizada
Cirurgião alerta, em entrevista à TV 247, para lipoaspiração sem qualificação, exageros de preenchimento e pressão das redes por uma beleza irreal. Assista
247 - A transformação da imagem pública na era digital e a disseminação de procedimentos estéticos que, fora de critérios técnicos adequados, podem se tornar um problema de saúde pública foram o tema do programa “Conversas Com Hildegard Angel”, na TV 247.
Ao longo da conversa, Pitombo discute desde a banalização da lipoaspiração até a corrida por preenchimentos e intervenções precoces, além de defender a responsabilidade ética do médico diante da lógica de mercado.
Lipoaspiração: “furinho pequenininho”, risco grande - Ao ser questionado sobre mortes e improvisos em lipoaspirações, Pitombo concorda que o procedimento costuma ser subestimado.
Ele resume o fenômeno ao que qualifica como a armadilha da aparência simples: “É uma cirurgia que parece… um furinho pequenininho, mas o movimento que ela faz é muito grande no corpo. Ela envolve um equilíbrio hemodinâmico… envolve a quantidade de retirada, envolve o lugar que deve fazer”.
O médico atribui parte do problema à entrada de pessoas sem qualificação em práticas invasivas: “Nós observamos muita gente sem qualificação fazendo lipoaspiração”. Para ele, não se trata apenas de técnica, mas de estrutura e segurança: “Só pode ser feito em lugar adequado e só pode ser feito por médico qualificado. Tem que ser feito lugares em que haja UTI… e que haja um corpo médico com cardiologistas, anestesistas”.
Pitombo afirma que levou a preocupação ao órgão regulador: “Eu fui recentemente ao Conselho Federal de Medicina… e nós pusemos a ele o risco que a população corre sem conhecimento”, classificando o cenário como “uma situação realmente preocupante, de saúde pública”.
Preenchimentos e exageros - Pitombo afirma na entrevista que a técnica de preenchimentos pode ter lugar em abordagens equilibradas, mas rejeita a distorção estética como tendência:
“Os preenchimentos… virou assim um vale tudo”.
Hildegard descreve o que enxerga no cotidiano: “As pessoas estão deformando o rosto… as bochechas de palhaço”.
O médico sustenta que a busca deve ser pela naturalidade e proporção: “O médico tem que revelar a beleza… o profissional tem que fazer é revelar essa beleza de cada um”.
E alerta para o ponto de não retorno quando a dose passa do limite: “Quando você ultrapassa essa linha, as pessoas ficam deformadas”.
O nariz como área de alto risco e a falsa ideia de “procedimento simples” - O preenchimento nasal com ácido hialurônico também foi abordado. Hildegard chama atenção para o perigo: “Uma das coisas mais perigosas que se tem é preencher o nariz com ácido hialurônico”. Pitombo explica o motivo com objetividade:
“No nariz é altamente vascularizado”, e a entrevistadora completa a gravidade ao lembrar a ligação com regiões sensíveis: “Vai no olho”.
Ela também expõe como o mercado se expandiu para além da medicina: “Os principais são não médicos… biomédicos… esteticistas… dentistas”. Questionado se isso é permitido, Pitombo responde sem rodeios: “Não, não é permitido”, embora reconheça a dificuldade de fiscalização diante do volume.
A "beleza virtual” - Ao refletir sobre a pressão estética contemporânea, Pitombo critica a transformação do corpo em produto: “Eu vejo com muita apreensão essa tendência atual de fazer do corpo humano uma especulação financeira”. Na visão dele, a vocação médica não pode ser subordinada ao lucro: “O médico tem que ser humanista… proteger… cuidar”, e resume o que considera essencial: “A verdadeira essência do médico” está no cuidado que melhora a vida do paciente.
Ele também liga o fenômeno ao comportamento estimulado pelas redes: “Com a internet, com a mídia social, as pessoas procuram beleza virtual”, descrevendo a distorção criada por selfies e filtros: “Usam um filtro e acham que aquilo é o seu rosto”.
A beleza possível em cada idade - Ao final, a conversa aborda o combate ao exagero e a valorização de uma estética coerente com a vida real.
Pitombo afirma: “Toda a idade tem sua beleza”, defendendo que o objetivo não é “voltar no tempo”, mas ajustar o que incomoda com bom senso: “Se incomoda, faz… não para ter 40, 30… mas para se ver livre”. Assista:



