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Pedágio e motorista imóvel ao volante levaram polícia a investigar morte em acidente como feminicídio

Henay estava no veículo com o empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, que foi detido na manhã de segunda-feira

Henay Rosa Gonçalves Amorim teria morido após batida na MG-050, em Itaúna (Foto: Reprodução)

247 - A Polícia Civil de Minas Gerais passou a investigar como possível feminicídio a morte de Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, inicialmente registrada como um acidente de trânsito na MG-050, em Itaúna, na região Centro-Oeste do estado. O caso ocorreu no domingo (14), quando o carro em que a vítima estava colidiu de frente com um micro-ônibus de turismo. As informações foram divulgadas pelo g1.

Henay estava no veículo com o empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, que foi detido na manhã de segunda-feira (15), durante o velório da companheira, em Divinópolis. Na terça-feira (16), o advogado de Alison confirmou ao g1 que o cliente confessou à polícia ter matado a namorada e forjado o acidente para tentar ocultar o crime.

A reviravolta na investigação ocorreu após a análise de imagens captadas por uma câmera de pedágio em Itaúna, poucos minutos antes da colisão. O vídeo, registrado às 5h56, mostra Henay inconsciente no banco do motorista, enquanto Alison aparece no banco do passageiro, esticando o corpo para alcançar o volante e conduzir o carro de forma improvisada.

Segundo a Polícia Civil, a situação chamou a atenção da funcionária do pedágio, que questionou se estava tudo bem. Alison respondeu que a companheira estava passando mal e chegou a indicar que iria parar o veículo para atendimento, mas seguiu viagem. Cerca de nove minutos depois, o carro invadiu a contramão em uma curva, no km 90 da MG-050, e bateu de frente com o micro-ônibus. Henay morreu ainda no local.

Além das imagens, os investigadores identificaram contradições entre a dinâmica do acidente e as lesões encontradas no corpo da vítima. De acordo com a apuração, os ferimentos não seriam compatíveis apenas com o impacto da colisão, o que levantou a hipótese de que Henay já estivesse inconsciente antes da batida. Diante disso, a polícia solicitou novos exames periciais.

O comportamento de Alison após o acidente também passou a ser analisado. Relatos colhidos durante a investigação apontam que ele apresentava arranhões no rosto, suor excessivo e teria trocado de roupas nas horas seguintes ao ocorrido. Durante o velório, investigadores observaram ainda marcas no corpo da vítima consideradas compatíveis com possíveis agressões anteriores ao acidente.

A Polícia Civil também apura um possível histórico de violência doméstica. Mensagens, fotografias e registros de atendimentos médicos passaram a integrar o inquérito e, segundo os investigadores, ajudam a contextualizar os indícios reunidos até o momento.

Com o avanço da apuração, foi solicitada uma nova perícia no corpo de Henay, o que levou ao adiamento do sepultamento. Peritos analisaram imagens do acidente e indicaram, de forma preliminar, que seria improvável que a colisão, por si só, tivesse causado a morte da vítima. A partir desses elementos, o caso passou a ser tratado oficialmente como homicídio, com indícios de feminicídio.

Alison foi preso durante o velório da companheira. Segundo a polícia, ele não reagiu à abordagem e, inicialmente, negou o crime. Os celulares da vítima e do investigado foram apreendidos e encaminhados para perícia. A Polícia Civil aguarda o resultado do laudo de necropsia e a conclusão das oitivas para avançar no inquérito.

Em nota, a defesa de Alison, representada pelo advogado Michael Guilhermino, informou que o investigado “irá colaborar integralmente com todas as investigações conduzidas pelas autoridades”. O advogado afirmou ainda que Alison não reconhece como verdadeiras as acusações que lhe são atribuídas e que a defesa aguarda a conclusão das oitivas e o laudo de necropsia para, no momento oportuno, sustentar que a morte de Henay decorreu de um trágico acidente de trânsito.