Centro Barão de Itararé manifesta 'profunda indignação' com o caso Datena-EBC
O jornalista pode apresentar programas na TV Brasil e na Rádio Nacional
247 - O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé divulgou nesta quarta-feira (3) para “manifestar sua profunda indignação diante da confirmação de que a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) chegou a um acordo com José Luiz Datena para apresentar programas na TV Brasil e na Rádio Nacional”. A EBC confirmou ter chegado a um acordo com o jornalista.
“A decisão, anunciada pela própria Empresa, representa um grave desvio de propósito em uma instituição concebida para fortalecer a democracia, a diversidade e o direito à comunicação no país”, divulgou o centro.
“Defendemos, em conjunto com organizações da sociedade civil brasileira e ativistas da comunicação e da cultura, uma EBC comprometida com o interesse público, com a pluralidade de vozes e com a representação da diversidade que compõe o Brasil. Esse compromisso é incompatível com modelos comerciais e policialescos de comunicação, que frequentemente exploram a violência, estigmatizam comunidades vulneráveis e contradizem os princípios fundamentais de uma comunicação voltada ao bem comum”.
Ainda durante a nota, o Centro Barão de Itacaré afirmou que a “EBC deve refletir o Brasil real — diverso, plural e democrático”. “A missão de uma empresa pública de comunicação não é competir com o sensacionalismo da mídia privada, tampouco adotar estratégias de audiência que se baseiam no medo, na estigmatização ou na exploração da tragédia alheia”, continuou.
“A Comunicação Pública existe para promover informação de qualidade, cultura, educação, cidadania e diversidade. Existe para abrir espaço a vozes que historicamente foram silenciadas. Existe para representar o país como ele é — múltiplo, complexo e pulsante. Importar para a EBC figuras e formatos alinhados ao jornalismo policialesco significa desfigurar sua missão constitucional e negar o direito da população a uma comunicação que fortaleça, e não fragilize, a democracia”.
De acordo com o centro, a notícia sobre a possibilidade de contratação do jornalista “chega num momento particularmente sensível”. “Estamos na reta final do terceiro governo conduzido por Lula assistindo a um filme repetido: a inércia e a pouca ação no que diz respeito ao enfrentamento à concentração midiática e ao fortalecimento das mídias alternativas, independentes, periféricas, comunitárias e, claro, públicas”, escreveu.
“A reconstrução da Comunicação Pública, fragilizada desde o golpe de 2016, segue pendente. A ausência de políticas estruturantes para o setor compromete o pluralismo informativo e mantém o Brasil refém de um sistema de mídia altamente concentrado, que restringe o direito da sociedade de acessar múltiplas perspectivas sobre a realidade”.



