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Poder 360 comete erro de português e ataca Janja por erro que ela não cometeu

No afã de atacar a primeira-dama, site de direita escorregou na língua portuguesa

Janja Lula da Silva (Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

247 – O site Poder 360 publicou, em suas redes sociais, um ataque à primeira-dama Janja Lula da Silva, afirmando que ela teria cometido um “erro de português” ao dizer “somos atoras” durante entrevista à CNN, na COP30, em Belém. A crítica, no entanto, está gramaticalmente equivocada. O próprio site, ao tentar desqualificar Janja, incorreu em um erro — e este sim reconhecido por especialistas da língua portuguesa.

O ataque do Poder 360 foi feito por meio do seguinte texto: “A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, cometeu um erro de português durante entrevista à CNN, na COP30, em Belém. Disse ‘somos atoras’. O correto seria ‘somos atrizes’. A gafe de Janja aconteceu enquanto ela falava sobre a importância de colocar a questão de gênero no centro dos debates sobre mudanças climáticas.”

O feminino de “ator” pode ser “atora”

Segundo a norma culta da língua portuguesa, “atora” é uma forma plenamente válida, por formação regular do feminino (ator – atora), como ocorre em “autor – autora”, “professor – professora” ou “diretor – diretora”. O termo atriz consolidou-se no uso quando se refere à profissão artística, mas isso não invalida a forma regular atora, especialmente quando utilizada em sentido figurado — como agentes da transformação social, política ou ambiental.

Em debates de sociologia, ciência política e estudos de gênero, “atores sociais” é expressão amplamente usada. Por isso, no feminino, “atoras sociais” é uma construção correta e cada vez mais comum. Já “atrizes sociais” pode gerar ambiguidade, pois remete ao ofício artístico.

Janja usou o termo adequado ao contexto

Ao falar sobre a importância de colocar o debate de gênero no centro das mudanças climáticas, Janja recorreu à expressão “somos atoras”, destacando o protagonismo das mulheres como agentes de transformação — e não como profissionais da atuação. Portanto, não houve gafe, tampouco erro gramatical.

Erro está no ataque, não na fala

Ao tentar desqualificar a primeira-dama, o Poder 360 ignorou a morfologia básica do português e acabou disseminando desinformação linguística. O episódio revela não um deslize de Janja, mas sim um ataque apressado e falho, movido mais por disputa política do que por rigor jornalístico ou linguístico.

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