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Acredite se quiser: senha do sistema de segurança do Louvre era ‘Louvre’

De acordo com a publicação, a vulnerabilidade foi descoberta durante uma auditoria da Agência Nacional Francesa de Cibersegurança

Museu do Louvre, em Paris, França - 26/10/2025 (Foto: REUTERS/Abdul Saboor)

247 - O Museu do Louvre, em Paris, que foi alvo de um roubo milionário no mês passado, já acumulava há anos uma série de falhas de segurança interna. Entre os problemas mais graves estava o uso da palavra “Louvre” como senha do sistema de vigilância, em 2014. As informações foram reveladas pelo jornal francês Libération e reproduzidas pelo UOL nesta terça-feira (4).

De acordo com a publicação, a vulnerabilidade foi descoberta durante uma auditoria da Agência Nacional Francesa de Cibersegurança, que conseguiu invadir o sistema de forma simples. O relatório apontava que a senha usada para o software de segurança era o nome da própria empresa que havia desenvolvido o programa.

Na época, o Louvre ainda operava computadores com Windows 2000, um sistema considerado obsoleto. O órgão de cibersegurança recomendou que o museu adotasse senhas mais complexas e corrigisse as falhas de segurança. O Libération informou que procurou a administração do museu para saber se as medidas foram implementadas, mas não obteve resposta.

Outra auditoria, realizada em 2017 pelo Instituto Nacional de Estudos Avançados em Segurança e Justiça, voltou a alertar sobre os riscos. O relatório foi contundente:

 “[A administração] não pode mais ignorar a ameaça potencial de um ataque cujas consequências poderiam ser dramáticas”, dizia o documento.

As falhas, porém, persistiram ao longo dos anos. O jornal também revelou que o software de segurança contratado recentemente não pode ser atualizado, o que impacta outros oito programas usados para vigilância e controle de acesso ao museu.

O assalto de outubro

No dia 19 de outubro, ladrões invadiram o Louvre e levaram joias históricas avaliadas em US$ 102 milhões (cerca de R$ 548 milhões). O crime ocorreu em menos de sete minutos.

Segundo a investigação, dois homens estacionaram um veículo do lado de fora do museu, subiram por uma escada até o segundo andar, quebraram uma janela, arrombaram vitrines e fugiram na garupa de scooters.

As autoridades francesas já prenderam quatro suspeitos, que respondem por furto qualificado, associação criminosa e conspiração.

A promotora de Paris, Laure Beccuau, afirmou à rádio Franceinfo que o crime não foi articulado por grandes redes de crime organizado, mas por delinquentes locais.

 “Não se trata exatamente de delinquência cotidiana, mas é um tipo de delinquência que geralmente não associamos aos escalões superiores do crime organizado”, declarou.

Segundo Beccuau, os suspeitos vivem na região de Seine-Saint-Denis, área de vulnerabilidade social ao norte de Paris.

 “São claramente pessoas da região. Todos vivem mais ou menos em Seine-Saint-Denis”, afirmou a promotora.

O caso provocou repercussão internacional e reacendeu o debate sobre a segurança dos grandes museus europeus, especialmente diante do histórico de alertas ignorados pelo Louvre — um dos maiores e mais visitados museus do mundo.

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