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Após golpe militar, comunidade guineense em Portugal convoca manifestação em frente à sede da CPLP em Lisboa

O golpe ocorreu antes da divulgação dos resultados das eleições de 23 de novembro

Dinis N'Tchama, porta-voz da jJunta Militar de Guiné-Bissau (Foto: Reuters )

Por Stefani Costa, de Lisboa, 247 - Diante do golpe de Estado em curso na Guiné-Bissau, a organização de estudantes e trabalhadores guineenses Firkidja di Pubis convocou uma manifestação para esta quinta-feira (27), em frente à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa.

Na quarta-feira, depois de um tiroteio que durou cerca de meia hora, os militares utilizaram a TGB, emissora estatal da Guiné-Bissau, para anunciar a tomada de poder no país. 

Em um comunicado divulgado nas redes sociais, a União do Proletariado Revolucionário da Guiné, a UPRG Cassacá-64, afirmou que a quartelada, que consideram "ainda em curso", surge após seis anos de um "projeto ditatorial de Umaro Sissoco Embaló e da cúpula militar". A organização reforça que a população guineense estava dando "mais uma mostra do seu repúdio a este regime nas urnas". 

Segundo a Firkidja di Pubis, mesmo movimento que, no mês de setembro, lutou pela libertação dos 41 estudantes guineenses detidos ilegalmente no aeroporto de Lisboa, a ação militar interrompeu um momento crucial para a democracia do país. Eles denunciam que a tentativa golpista ocorreu antes da divulgação dos resultados das eleições de 23 de novembro pela Comissão Nacional de Eleições. A organização enfatiza ainda que militares armados tomaram posições estratégicas ao declarar um "corte institucional". 

“Não temos meias palavras! Trata-se de um golpe de Estado dado pela própria presidência da República, quando todos os dados das mesas eleitorais apontavam para a vitória do candidato da oposição, Fernando Dias, e para mais uma derrota de Umaro Sissoco Embaló, como o foi nas legislativas de 2023, altura em que o presidente-ditador acabou por, ilegalmente e inconstitucionalmente, dissolver a Assembleia Nacional”, lê-se no documento. 

A UPRG Cassacá-64 também exige que as autoridades portuguesas e europeias cessem o apoio à "ditadura que destrói a vida da população guineense". E acrescenta: “Devemos quebrar o bloqueio imposto às redes sociais e o recolher obrigatório da população guineense com solidariedade civil ativa e militante a partir da diáspora”.

Somam-se em apoio à manifestação de hoje os movimentos Em Luta, Occupy for Gaza Portugal e a rede internacional EsquerdaDiario.

Em nota à imprensa, o Governo de Portugal apelou a que todos os envolvidos se abstenham de "qualquer acto de violência institucional ou cívica e que se retome a regularidade do funcionamento das instituições". O objetivo, segundo o governo, é "finalizar o processo de apuramento e proclamação" dos resultados eleitorais.

Além disso, o gabinete de comunicação do Ministério dos Negócios Estrangeiros, liderado pelo ministro Paulo Rangel (PSD), afirmou estar em contacto permanente com a Embaixada portuguesa em Bissau para se "assegurar da situação dos cidadãos portugueses", bem como da "população em geral".

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