Câmara dos EUA votará proposta para obrigar divulgação de arquivos do caso Epstein
Iniciativa bipartidária avança após divulgação de novos documentos que mencionam Donald Trump; votação deve ocorrer na próxima semana
247 - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos deve votar, na próxima semana, uma proposta que obriga o Departamento de Justiça (DoJ) a divulgar todos os arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein, o financista condenado por tráfico sexual que morreu em 2019. A informação foi divulgada pela Reuters, com base em declarações do líder da Câmara, o republicano Mike Johnson, e em documentos oficiais do Congresso.
Johnson afirmou nesta quarta-feira (12) que a proposta — que já obteve as 218 assinaturas necessárias para avançar — será levada “ao plenário para uma votação completa quando voltarmos na próxima semana”. Ele acrescentou que o Comitê de Supervisão da Câmara “tem trabalhado dia e noite em sua própria investigação”, indicando que a pauta deve ganhar prioridade.
O projeto de lei é de autoria dos deputados Ro Khanna (democrata) e Thomas Massie (republicano), e tem apoio de parlamentares dos dois partidos. O avanço da proposta ocorre justamente no mesmo dia em que novos documentos do Comitê de Supervisão vieram a público, somando mais de 20 mil páginas, com e-mails e registros envolvendo o nome de Donald Trump.
Documentos mencionam Trump e outros nomes
Entre as mensagens divulgadas, Epstein teria citado Trump várias vezes, inclusive em um e-mail de 2018 no qual escreveu: “Sei o quão sujo Donald é”. Ele também trocou correspondências sobre o então príncipe Andrew e com Steve Bannon, ex-estrategista de Trump.
A Casa Branca reagiu à iniciativa e tenta convencer parte dos republicanos a retirar o apoio à petição. A secretária de imprensa Karoline Leavitt criticou a divulgação dos e-mails, afirmando que os documentos “não provam nada”. Já Trump acusou os democratas de “trazerem à tona o caso Epstein para desviar a atenção” da crise política e do risco de paralisação do governo.
Apesar da resistência, o presidente da Câmara, Mike Johnson, sinalizou que não pretende adiar a votação. “Vamos levar isso ao plenário para uma votação completa quando voltarmos na próxima semana”, reforçou o republicano.
Pressão por transparência
A divulgação dos arquivos é vista por parte dos parlamentares como um passo necessário para assegurar transparência sobre a rede de influência e os possíveis cúmplices do magnata, condenado por explorar sexualmente menores de idade.
Jeffrey Epstein foi preso em 2019 por acusações de tráfico sexual de menores, mas morreu no mesmo ano em uma cela de prisão federal, em circunstâncias que até hoje geram controvérsia. Desde então, crescem os pedidos públicos e políticos para que todos os documentos ligados ao caso sejam abertos.
Mesmo entre aliados de Trump, há pressão crescente para que o governo e o Congresso revelem o conteúdo integral dos arquivos de Epstein. O ex-presidente, porém, nega qualquer envolvimento e diz não ter conhecimento sobre o esquema de exploração sexual.



