HOME > Mundo

Celso Amorim diz que sanções à Rússia são 'fanatismo ideológico' e que só aproximam o país da China

O ex-chanceler destacou que mais aproximação entre Rússia e China aprofundará as tensões com os EUA

Ex-chanceler Celso Amorim e os presidentes Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China) e Joe Biden (EUA) (Foto: ABr | Reuters)

247 - O ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil Celso Amorim afirmou que impor sanções à Rússia é um "erro" e um "fanatismo político" que causa prejuízos à Europa, por acelerar a proximidade entre Moscou e a China. De acordo com o ex-ministro, se Putin buscar mais apoio da China, aumentará a possibilidade de criação de um "bloco eurasiano", o que aprofundará as tensões com os EUA. O ex-chanceler fez a análise após o presidente russo, Vladimir Putin, reconhecer as regiões separatistas da Ucrânia (Donetsk e Lugans). A entrevista foi concedida ao portal Uol.

"Essas atitudes de sanções contra a Rússia apenas levam a Rússia a se aproximar mais da China. Então, em vez de você ter uma bipolaridade que já não é boa entre EUA e China, você passa a ter uma bipolaridade entre EUA e um bloco eurasiano que reúne o país mais populoso do mundo, que será ainda nesta década a maior economia mundial, com o país mais extenso do mundo. Então qual é o ganho de fazer isso?", declarou Celso Amorim.

>>> Biden acusa Rússia de invadir Ucrânia e anuncia sanções contra o país

Segundo o ex-chanceler, "já existe" um conflito armado entre os dois países, mas ponderou que a estratégia de Putin ao reconhecer as repúblicas de Donetsk e Luhanks consiste em barrar a entrada da Ucrânia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

Amorim disse que a medida do presidente russo não terá como consequência uma Terceira Guerra Mundial. "Terceira Guerra Mundial é uma fantasia nesse contexto. Não vai haver Terceira Guerra Mundial em hipótese alguma, ninguém vai arriscar a destruição total. Agora, há risco de escalada local, sempre há", afirmou.

O ex-ministro criticou a "obsessão" da Otan em chegar cada vez mais próxima da Rússia, por meio da Ucrânia, e afirmou que essa investida da Otan de se "empurrar mais e mais em direção ao Oriente não é uma coisa boa".

>>> Parlamento russo aprova pedido de Putin de envio de militares à região de Donbass, na Ucrânia

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: