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China reage a ameaças tarifárias de Trump e adverte EUA e aliados sobre retaliações

Principal jornal do Partido Comunista condena política coercitiva de Washington e promete resposta firme a acordos em detrimento da China

China reage a ameaças tarifárias de Trump e adverte EUA e aliados sobre retaliações (Foto: Gerada por IA/DALL-E)

247 - A China enviou um duro recado à administração do presidente Donald Trump nesta terça-feira (8), alertando contra a retomada das tarifas comerciais sobre produtos chineses a partir de agosto, relata a Reuters.A advertência veio acompanhada da ameaça de retaliação contra países que firmarem acordos com os Estados Unidos visando excluir Pequim das cadeias globais de suprimentos.

O alerta foi publicado em um editorial do jornal oficial Diário do Povo, principal jornal do Partido Comunista. O artigo enfatiza que "o diálogo e a cooperação são o único caminho correto" para uma solução comercial duradoura entre as duas maiores economias do mundo.

O jornal, porta-voz do governo chinês, criticou duramente a tentativa de Washington de impor novas barreiras alfandegárias e de incentivar nações parceiras a redesenhar suas cadeias de produção em prejuízo da China. "A prática tem provado que somente defendendo firmemente posições de princípios é que alguém pode realmente proteger seus direitos e interesses legítimos", afirmou o Diário do Povo, classificando a estratégia tarifária de Trump como "bullying".

No mês passado, Estados Unidos e China haviam acordado uma estrutura de trégua comercial, embora sem definição clara sobre pontos cruciais. A aparente instabilidade desse acordo se agravou nesta semana, quando o governo Trump começou a notificar países parceiros sobre a aplicação de tarifas substancialmente mais altas a partir de 1º de agosto. A medida, que havia sido adiada desde abril, ameaça atingir novamente as exportações chinesas com sobretaxas superiores a 100%.

Pequim tem até 12 de agosto para negociar com a Casa Branca e evitar a imposição de novas barreiras, enquanto o mercado global acompanha com tensão os desdobramentos. Analistas observam que a retomada de uma guerra tarifária poderá desestabilizar ainda mais o comércio internacional e afetar a recuperação econômica de vários países.

De acordo com o Instituto Peterson de Economia Internacional, a tarifa média aplicada pelos EUA sobre produtos chineses já chega a 51,1%, enquanto a China taxa produtos americanos em média a 32,6%. Ambas as nações impõem tarifas abrangentes sobre quase todo o comércio bilateral.

Além de mirar os Estados Unidos, o editorial chinês advertiu também aliados dos norte-americanos. O jornal condenou veementemente acordos regionais que, ao reduzir tarifas com os EUA, excluem a China das rotas de produção e distribuição. “A China se opõe firmemente a qualquer lado que feche um acordo que sacrifique os interesses chineses em troca de concessões tarifárias”, advertiu o texto. “Se tal situação surgir, a China não a aceitará e responderá resolutamente para proteger seus interesses legítimos.”

A reação chinesa vem em meio a movimentações comerciais na Ásia. Na semana passada, o Vietnã assinou um acordo com os EUA que reduz tarifas de 46% para 20%, prevendo ainda a aplicação de uma taxa de 40% sobre produtos reexportados a partir de seu território – geralmente originários da China. Pequim vê tal manobra como um exemplo claro de tentativa de driblar sua participação nas cadeias de fornecimento internacionais.

A instabilidade política e econômica gerada por essa escalada nas tensões comerciais também se refletiu nos mercados financeiros. As principais bolsas americanas registraram queda na segunda-feira: Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq encerraram o dia com retrações inferiores a 1%, mas refletindo o aumento do nervosismo entre investidores.

O cenário indica que os próximos dias serão decisivos. Caso Trump mantenha o chamado “prazo final” para 1º de agosto, como qualificou o Diário do Povo, o mundo poderá assistir a uma nova rodada de confrontos tarifários. Pequim, por sua vez, mostra-se determinada a não ceder a pressões unilaterais. “O tempo e os fatos provarão quem está no caminho certo da história”, concluiu o artigo.

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