Em editorial, Global Times destaca Dia do Diálogo de Civilizações, proposto pela China

247 - No dia 10 de junho, a comunidade internacional celebra pela primeira vez o Dia Internacional para o Diálogo entre Civilizações, aprovado por consenso na 78ª Assembleia Geral da ONU a partir de uma proposta da China.

O jornal Global Times ressalta o apoio global à iniciativa e a urgência de sua implementação diante dos desafios contemporâneos.

Em discurso simbólico na data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o diálogo é o caminho para a paz, e defendeu a promoção da diversidade civilizacional como um imperativo atual. "É mais urgente do que nunca", disse ele. Guterres também apelou à comunidade internacional para "ouvir, falar e conectar-se" a fim de construir uma humanidade “rica em diversidade, unida em solidariedade e igual em dignidade e direitos humanos”.

A relevância do tema se tornou evidente ao observar as manchetes do site da própria ONU no dia: fome extrema na Faixa de Gaza, crise ecológica nos oceanos e funcionários da ONU mantidos reféns por forças Houthi. Esse pano de fundo trágico reforça o argumento central do editorial do Global Times: promover o diálogo entre civilizações não é uma abstração — é uma resposta necessária aos impasses geopolíticos, humanitários e culturais do presente.

Segundo a resolução da ONU, o novo dia internacional busca valorizar a diversidade civilizacional, estimular o respeito mútuo e fomentar a solidariedade global. A proposta reflete a Iniciativa Global de Civilização promovida pela China, que nos últimos anos organizou uma série de eventos internacionais — como a Conferência sobre o Diálogo entre Civilizações Asiáticas e fóruns de alto nível entre partidos políticos — com foco no intercâmbio cultural e na governança global.

A adesão à proposta foi ampla: 14 países participaram do núcleo redator da resolução e 83 a copatrocinaram, sinalizando o consenso em torno da urgência de mais pontes e menos muros. Para o editorial do Global Times, esse apoio é uma demonstração de que a ideia chinesa de diálogo encontra eco num mundo cansado de hegemonias e confrontos.

A matéria destaca também como, ao longo do último ano, a China atuou para sistematizar essas práticas. Iniciativas como o Diálogo entre Civilizações China-África, os fóruns da Organização de Cooperação de Xangai e do BRICS, e os intercâmbios com a América Latina visam tornar permanente o contato entre culturas, povos e experiências distintas de desenvolvimento.

Em meio à globalização digital, novas formas de diálogo surgem também das redes sociais, dos jogos online e de outras plataformas interativas. Casos como o intercâmbio espontâneo entre jovens chineses e norte-americanos em plataformas como Xiaohongshu (RedNote) e a cooperação virtual no game Helldivers 2 foram citados no editorial como sinais do potencial transformador da comunicação entre culturas na era da internet.

“O que a humanidade precisa não é de confronto, mas de compreensão e cooperação”, afirma o texto. Em um momento em que discursos de superioridade civilizacional e choques culturais voltam a ganhar força, a proposta de um novo marco internacional centrado no diálogo é uma aposta na construção de uma ordem mais equitativa e inclusiva.

Como conclui o editorial do Global Times, “substituamos o preconceito pela compreensão”. O Dia Internacional para o Diálogo entre Civilizações não é apenas um símbolo diplomático: é um convite à humanidade para reconfigurar suas relações com base na escuta, no reconhecimento mútuo e no aprendizado recíproco.