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Federação Internacional de Jornalistas denuncia dois anos de assassinatos em Gaza

Entidade cobra ação imediata da ONU e acusa Israel de censura e ataques deliberados contra a imprensa em Gaza

Funeral do cinegrafista da Al Jazeera, Samer Abu Daqqa, que, segundo a emissora árabe, foi morto por um ataque de drone israelense enquanto fazia reportagem sobre atentado a uma escola que abrigava pessoas deslocadas, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza (Foto: Bassam Masoud / Reuters)

247 - A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) denunciou que a profissão atravessa o período mais letal de sua história recente devido à ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza. Segundo a entidade, pelo menos 223 jornalistas e profissionais de mídia palestinos foram mortos desde o início da campanha militar.

De acordo com informações publicadas pela HispanTV, a FIJ afirma que esses assassinatos não podem ser considerados acidentes de guerra, mas sim parte de uma política deliberada para “controlar a narrativa” sobre os acontecimentos no território palestino. O comunicado da federação reforça que o silenciamento da imprensa em Gaza constitui um ataque sem precedentes à liberdade de expressão em escala mundial.

Apelo internacional contra ataques a jornalistas

Em nota oficial, a FIJ destacou: “Israel continua a atacar jornalistas sistematicamente, uma prática que tem sido exacerbada pela omissão da comunidade internacional em puni-la”. A entidade pediu que a Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados nacionais e a sociedade internacional adotem “medidas imediatas e concretas” para interromper o que classifica como crimes contra a imprensa.

A federação também exigiu que Israel suspenda a proibição de entrada de jornalistas estrangeiros e independentes em Gaza, medida que impede a cobertura direta da crise humanitária. Para a FIJ, a restrição representa uma forma de censura destinada a ocultar a gravidade da destruição no enclave.

Mortes e cenário de devastação

O Ministério da Saúde de Gaza atualizou nesta semana os números da ofensiva militar israelense: desde 7 de outubro de 2023, pelo menos 67.173 palestinos foram mortos e outros 169.780 ficaram feridos, entre eles mais de 20 mil crianças. Ainda segundo dados oficiais palestinos, o total de jornalistas mortos já chega a 254 desde o início do conflito.

Organizações humanitárias alertam que a situação no território é crítica, com hospitais colapsados, falta de alimentos e deslocamentos forçados. A FIJ considera que a morte em massa de jornalistas revela a tentativa de Israel de eliminar testemunhas diretas do conflito, tornando mais difícil a apuração independente.

Silêncio internacional criticado

O movimento Hamas, que governa a Faixa de Gaza, também se manifestou, acusando a comunidade internacional de manter um “silêncio cúmplice” diante das violações. O grupo reforçou que a ausência de medidas efetivas de pressão sobre Israel contribui para a continuidade dos ataques.

A ofensiva militar israelense completa dois anos sem perspectiva de cessar-fogo, apesar das sucessivas resoluções e apelos de diferentes organismos internacionais. Para a FIJ, a escalada de violência contra a imprensa em Gaza ameaça não apenas os profissionais que atuam na região, mas a própria noção de liberdade de informação no mundo.

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