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François Bayrou perde voto de confiança e é destituído do cargo de primeiro-ministro da França

Parlamento francês derruba governo de François Bayrou por ampla maioria e amplia pressão sobre Emmanuel Macron

François Bayrou em Paris 23/8/2024 REUTERS/Abdul Saboor (Foto: Abdul Saboor)

247 - O Parlamento da França decidiu nesta segunda-feira (8) destituir o governo do primeiro-ministro François Bayrou, após rejeitar um voto de confiança solicitado pelo próprio premiê. Segundo informações da agência AFP a derrota foi histórica: 364 parlamentares votaram contra Bayrou, enquanto apenas 194 o apoiaram.

A queda de Bayrou, que estava no cargo desde dezembro de 2024, marca a segunda vez em menos de um ano que um governo francês é derrubado no Parlamento, aprofundando a instabilidade política no país. O resultado aumenta a pressão sobre o presidente Emmanuel Macron, que agora terá de indicar um novo chefe de governo em meio a um cenário de crise institucional e econômica.

A aposta de Bayrou e a rejeição parlamentar

Bayrou convocou o voto de confiança para tentar aprovar um plano de cortes orçamentários de quase €44 bilhões (cerca de R$ 282 bilhões), que incluía até mesmo a eliminação de dois feriados nacionais. Na abertura do debate, defendeu sua decisão como uma prova de transparência. “O maior risco era não fazer um voto de confiança, deixar as coisas continuarem sem mudar nada... e continuar como sempre, afirmou.

O premiê também alertou para o peso da dívida pública francesa, hoje em torno de 114% do PIB. “Senhoras e senhores, vocês têm o poder de derrubar o governo, mas não têm o poder de apagar a realidade. As despesas continuarão a aumentar ainda mais e o peso da dívida, já insuportável, ficará cada vez mais pesado e cada vez mais caro”, disse.

Apesar do apelo, a maioria dos deputados rejeitou as medidas de austeridade. A derrota transformou Bayrou no primeiro chefe de governo da França moderna a ser destituído por um voto de confiança, e não por uma moção de censura.

Reações políticas e sociais

A oposição comemorou o resultado. Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, declarou nas redes sociais: “Bayrou caiu. Vitória e alívio popular. Macron está agora na linha de frente, enfrentando o povo. Ele também deve sair”.Ao mesmo tempo, sindicatos e movimentos sociais preparam uma jornada de protestos marcada para quarta-feira, com o lema “Vamos bloquear tudo”, sinalizando um ambiente de forte contestação popular às políticas de austeridade.

Com a renúncia de Bayrou prevista para a manhã desta terça-feira, Emmanuel Macron enfrenta um dilema: convocar novas eleições legislativas antecipadas ou nomear um terceiro primeiro-ministro em menos de um ano. 

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