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Fundador do Telegram se diz surpreso com acusações da França e reforça compromisso com segurança

Pavel Durov rebateu acusações e afirmou que Telegram busca equilíbrio após ser libertado sob medidas cautelares na França

Pavel Durov (Foto: Reuters)

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247 - O fundador do Telegram, Pavel Durov, manifestou nesta quinta-feira (5), em postagem no seu canal oficial na plataforma, surpresa diante das acusações feitas contra ele pelas autoridades francesas, após ser detido em um aeroporto de Paris no final de agosto. Durov foi interrogado por quatro dias e informado de que poderia ser pessoalmente responsabilizado pelo uso ilegal da plataforma por terceiros, uma vez que as autoridades francesas alegaram não ter recebido respostas adequadas do Telegram.

Durov destacou que o Telegram tem um representante oficial na União Europeia para lidar com solicitações das autoridades e que existem diversas maneiras de contato. Ele também reiterou o compromisso da plataforma em encontrar um equilíbrio entre privacidade e segurança, mas afirmou que, em alguns casos, pode ser necessário sair de um país caso não haja acordo com os reguladores.

O crescimento do Telegram, segundo Durov, tem facilitado o abuso da plataforma por criminosos. Ele afirmou que está trabalhando pessoalmente para melhorar as medidas de controle e prometeu compartilhar mais detalhes sobre os avanços em breve. Ele também mencionou que ajudou a estabelecer uma linha direta de comunicação entre o Telegram e o governo francês para combater o terrorismo. Durov concluiu dizendo que, se qualquer país estiver insatisfeito com os serviços da plataforma, deve buscar ação legal contra a empresa, e não culpar o CEO pelos crimes cometidos por usuários. Leia abaixo a íntegra da postagem. 

O empresário de tecnologia nascido na Rússia foi detido no aeroporto de Paris em 24 de agosto por acusações relacionadas ao uso criminoso de seu aplicativo de mensagens, incluindo terrorismo, pornografia infantil, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e fraude. Ele foi liberado em 28 de agosto após pagar uma fiança de 5 milhões de euros (US$ 5,5 milhões) e está proibido de deixar a França.

Por Pavel Durov, no Telegram - "Obrigado a todos pelo apoio e carinho!

No mês passado, fui interrogado pela polícia durante 4 dias após chegar a Paris. Fui informado de que poderia ser pessoalmente responsabilizado pelo uso ilegal do Telegram por outras pessoas, porque as autoridades francesas não teriam recebido respostas do Telegram.

Isso foi surpreendente por várias razões:

  1. O Telegram tem um representante oficial na UE que aceita e responde às solicitações da União Europeia. Seu endereço de e-mail está publicamente disponível para qualquer pessoa na UE que pesquisar "endereço do Telegram na UE para a aplicação da lei" no Google.
  2. As autoridades francesas tinham várias maneiras de me contatar para solicitar assistência. Como cidadão francês, fui um convidado frequente no consulado francês em Dubai. Há algum tempo, quando solicitado, ajudei pessoalmente a estabelecer uma linha direta com o Telegram para lidar com a ameaça de terrorismo na França.
  3. Se um país está insatisfeito com um serviço de internet, a prática estabelecida é iniciar uma ação judicial contra o próprio serviço. Usar leis da era pré-smartphone para acusar um CEO pelos crimes cometidos por terceiros na plataforma que ele administra é uma abordagem equivocada. Construir tecnologia já é difícil o suficiente. Nenhum inovador criará novas ferramentas se souber que pode ser pessoalmente responsabilizado pelo possível abuso dessas ferramentas.

Estabelecer o equilíbrio certo entre privacidade e segurança não é fácil. É necessário conciliar as leis de privacidade com os requisitos de aplicação da lei e as leis locais com as leis da UE. Também é preciso levar em conta as limitações tecnológicas. Como plataforma, você deseja que seus processos sejam consistentes globalmente, garantindo ao mesmo tempo que não sejam abusados em países com um estado de direito fraco. Estamos comprometidos em dialogar com os reguladores para encontrar esse equilíbrio. Sim, defendemos nossos princípios: nossa experiência é moldada por nossa missão de proteger nossos usuários em regimes autoritários. Mas sempre estivemos abertos ao diálogo.

Às vezes, não conseguimos chegar a um acordo com o regulador de um país sobre o equilíbrio certo entre privacidade e segurança. Nesses casos, estamos prontos para deixar o país. Fizemos isso muitas vezes. Quando a Rússia exigiu que entregássemos "chaves de criptografia" para permitir a vigilância, recusamos — e o Telegram foi banido na Rússia. Quando o Irã exigiu que bloqueássemos canais de manifestantes pacíficos, recusamos — e o Telegram foi banido no Irã. Estamos preparados para sair de mercados que não são compatíveis com nossos princípios, porque não estamos fazendo isso por dinheiro. Somos movidos pela intenção de trazer o bem e defender os direitos básicos das pessoas, especialmente onde esses direitos são violados.

Isso não significa que o Telegram seja perfeito. Mesmo o fato de que as autoridades possam estar confusas sobre para onde enviar solicitações é algo que precisamos melhorar. Mas as alegações em alguns meios de comunicação de que o Telegram é uma espécie de paraíso anárquico são absolutamente falsas. Removemos milhões de postagens e canais prejudiciais todos os dias. Publicamos relatórios de transparência diariamente. Temos linhas diretas com ONGs para processar solicitações urgentes de moderação de maneira mais rápida.

No entanto, ouvimos vozes dizendo que isso não é o suficiente. O aumento abrupto no número de usuários do Telegram para 950 milhões causou dores de crescimento que facilitaram o abuso da plataforma por criminosos. Por isso, fiz desse meu objetivo pessoal garantir que melhoremos significativamente nesse aspecto. Já começamos esse processo internamente, e em breve compartilharei mais detalhes sobre nosso progresso.

Espero que os eventos de agosto resultem em um Telegram — e na indústria de redes sociais como um todo — mais seguro e mais forte. Mais uma vez, obrigado pelo carinho e pelos memes". 

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