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Hong Kong condena Jimmy Lai por conspiração e sedição

Editor do extinto Apple Daily é apontado por autoridades chinesas como articulador de ações para pressionar governos estrangeiros contra Pequim

Jimmy Lai, condenado por sedição em Hong Kong (Foto: Reuters)

247 - As autoridades judiciais de Hong Kong declararam culpado o empresário e editor Jimmy Lai pelos crimes de conspiração e sedição, em um processo conduzido sob a Lei de Segurança Nacional em vigor na Região Administrativa Especial (RAE). Considerado por Pequim uma figura central nos protestos ocorridos na cidade em 2019, Lai é acusado de atuar contra o governo central chinês e de colaborar com forças estrangeiras, informa a Prensa Latina.

Fundador do jornal Apple Daily, Jimmy Lai foi preso em 2020, e o veículo encerrou suas atividades no ano seguinte, após ser acusado de incitar a realização de protestos contra a soberania chinesa que marcaram Hong Kong naquele período.Segundo os procuradores, Lai exerceu o papel de “mentor e financiador” do grupo Stand with Hong Kong, organização que promove campanhas internacionais destinadas a pressionar governos estrangeiros e a promover sanções contra autoridades chinesas. Essas ações configuraram colaboração direta com forças externas hostis à China. 

O julgamento teve início formal em 18 de dezembro de 2023. Além de Jimmy Lai, as empresas Apple Daily Limited, Apple Daily Printing Limited e Apple Daily Internet Limited também responderam por crimes de conspiração para a publicação de material sedicioso e de conspiração para colaborar com forças estrangeiras.

De acordo com o relatório do tribunal, entre 1º de abril de 2019 e 24 de junho de 2021, os réus conspiraram com seis ex-executivos seniores do Apple Daily e outras pessoas para imprimir, publicar, vender, distribuir e reproduzir conteúdos sediciosos. As acusações apontam ainda que o grupo buscou apoio de instituições, organizações e indivíduos estrangeiros para a imposição de sanções, bloqueios e outras medidas hostis contra Hong Kong e a República Popular da China.

Em meio à ampla repercussão internacional do caso, o Ministério das Relações Exteriores da China reiterou que Hong Kong é uma sociedade regida pelo Estado de Direito e defendeu a aplicação rigorosa das leis locais. O porta-voz da chancelaria, Lin Jian, afirmou que “ninguém pode se esconder atrás da liberdade para realizar atividades ilegais e tentar escapar das sanções legais”.

O governo chinês também criticou as intervenções de países ocidentais, que, segundo Pequim, utilizam processos judiciais como o de Jimmy Lai para interferir em assuntos internos do país. As autoridades centrais enfatizam que o sistema judicial de Hong Kong atua de forma independente, assegurando procedimentos justos, públicos e transparentes.

Com a condenação, Jimmy Lai pode enfrentar pena de prisão perpétua. O tribunal, no entanto, informou que a sentença será anunciada em data posterior, mantendo em aberto o desfecho final. 

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