Irã reitera perante a ONU seu direito de responsabilizar os EUA por agressão durante a guerra de 12 dias
Teerã cobra responsabilização internacional e indenização após operações militares confirmadas por Washington
247 - O governo iraniano voltou a cobrar uma resposta firme das Nações Unidas diante das revelações de que os Estados Unidos participaram diretamente dos ataques coordenados por Israel contra instalações nucleares do país em junho. As acusações ganharam novo peso após informações oficiais divulgadas pela Força Aérea norte-americana, detalhando sua atuação na ofensiva que desencadeou 12 dias de guerra e deixou cerca de 1.100 mortos no Irã.
Segundo o canal Hispan TV, o embaixador iraniano na ONU, Amir Said Iravani, enviou cartas ao secretário-geral António Guterres e ao presidente do Conselho de Segurança denunciando a operação militar e atribuindo responsabilidade direta a Washington.
As revelações tornaram pública a atuação da “Unidade 34”, mobilizada durante a chamada Operação Martelo da Meia-Noite para escoltar bombardeiros B-2 Spirit destinados a atacar instalações subterrâneas em Fordow, Natanz e Isfahan. A Força Aérea dos EUA também confirmou que um esquadrão de caças F-35, da Unidade 388, foi o primeiro a invadir o espaço aéreo iraniano em 22 de junho, abrindo caminho para os bombardeiros norte-americanos atingirem seus alvos.
Em sua correspondência oficial, Iravani destacou que essas informações, somadas às declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que em 6 de novembro afirmou estar “no comando” dos ataques israelenses ao Irã, constituem uma prova de que Washington apoiou diretamente a ofensiva que devastou cidades iranianas e provocou centenas de mortes. Para o diplomata, tais ações representam “um ato de agressão que viola a soberania e a integridade territorial”, além de contrariar o Artigo 2(4) da Carta da ONU.
O embaixador afirmou ainda que os ataques israelenses e norte-americanos incluíram alvos civis, violando normas do direito internacional e do direito humanitário. Ele ressaltou ser obrigação dos Estados Unidos “reparar integralmente os danos materiais e morais causados”, conforme previsto em princípios internacionais que determinam a restituição ao status anterior à agressão.
Segundo a HispanTV, Iravani defendeu que as admissões do governo norte-americano sobre seu envolvimento direto configuram “responsabilidade criminal individual” para militares e autoridades envolvidos na ofensiva, incluindo possíveis enquadramentos no chamado “crime de agressão”. Por isso, frisou que o Irã mantém o “direito pleno e indiscutível” de adotar todas as medidas legais necessárias para assegurar responsabilização e reparação pelos danos.
O diplomata concluiu pedindo ao Conselho de Segurança e aos demais mecanismos da ONU que atuem de acordo com seu mandato de preservação da paz e da segurança internacionais, garantindo que os responsáveis por violações tão graves sejam levados à justiça.



