Mexicana Fátima Bosch conquista o Miss Universo após protestar contra bronca de organizador
Candidata deixou evento ao ser repreendida publicamente por organizador, episódio que expôs crise sem precedentes no concurso
247 - A mexicana Fátima Bosch, de 25 anos, foi coroada Miss Universo na sexta-feira (21/11), em Bangkok, em uma edição marcada por conflitos entre organizadores e acusações de irregularidades. A situação foi detalhada originalmente pela BBC News Brasil, que descreveu os episódios de tensão nos bastidores.
O caso ganhou repercussão após o incidente de terça-feira (06/11), quando Bosch deixou uma cerimônia prévia ao ser repreendida publicamente por Nawat Itsaragrasil, responsável pela organização do concurso na Tailândia. Ele a criticou diante das demais concorrentes por não publicar material promocional nas redes sociais e ameaçou desclassificar candidatas que a apoiassem.
A Miss Universo Organization classificou o comportamento do organizador como “malicioso”, enquanto Raul Rocha, sócio mexicano de Itsaragrasil, recomendou que ele “parasse”. O episódio motivou outras candidatas a deixarem a sala em solidariedade à mexicana. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, comentou na época que Bosch servia de “exemplo de como nós, mulheres, devemos reagir” diante de agressões.
Saída de jurados e questionamentos ao processo
Uma semana depois do incidente envolvendo Bosch, dois jurados anunciaram renúncia. O músico franco-libanês Omar Harfouch afirmou que um “júri improvisado” teria pré-selecionado finalistas antes da etapa decisiva. Pouco depois, o ex-jogador francês Claude Makelele também deixou o posto, mencionando “razões pessoais imprevistas”. A Miss Universe Organization negou qualquer manipulação e declarou que “nenhum grupo externo foi autorizado a avaliar delegadas ou selecionar finalistas”.
Apesar das turbulências, Bosch avançou para a final. Ela venceu a tailandesa Praveenar Singh e a venezuelana Stephany Abasali, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.
Acidente no desfile e ausência do organizador
Na preliminar de gala da quarta-feira (19/11), a Miss Jamaica caiu no palco e precisou ser retirada em maca. A organização afirmou que ela foi hospitalizada, não sofreu fraturas e recebeu cuidados médicos.
Itsaragrasil, cuja atitude desencadeou a crise, não apareceu no palco na final. Após a coroação, publicou em tailandês: “Um bilhão de palavras que não podem ser ditas”. Em declaração a jornalistas, afirmou: “Quanto ao resultado, deixamos para os telespectadores em casa julgarem... pessoas em todo lugar podem fazer suas próprias avaliações”.
Nas redes sociais, houve comentários sugerindo que a vitória da mexicana poderia ter sido influenciada pelos acontecimentos anteriores.
Divergências entre equipes do México e da Tailândia
A BBC descreve que as tensões refletiram disputas entre os responsáveis pelo concurso. Itsaragrasil recebeu a tarefa de organizar o evento deste ano, enquanto a Miss Universe Organization segue sob administração de Raul Rocha, do México. A transição de controle ocorreu após a saída de Anne Jakrajutatip, que havia promovido mudanças de inclusão no concurso.
Paula Shugart, ex-presidente da organização, declarou que a atual liderança apresenta fragmentação: “Ninguém sabe quem são os líderes de fato ou a quem recorrer”. A consultora Dani Walker classificou o momento como “uma transição muito turbulenta”.
O pesquisador tailandês Thitiphong Duangkhong observou que diferenças culturais entre tailandeses e latino-americanos influenciaram na crise. Ele destacou ainda que Jakrajutatip, por ser mulher trans, enfrentou resistência de setores conservadores da região.
Miss Universo tenta manter relevância
Bosch tornou-se a 74ª vencedora do concurso, realizado desde 1952, em um momento de queda de audiência nas transmissões televisivas e maior protagonismo das redes sociais. Ex-vencedoras acumulam milhões de seguidores e atuam como influenciadoras digitais.
Paula Shugart afirmou que o concurso só mantém relevância quando valoriza suas candidatas: “Miss Universo não vale nada se você não empoderar e apoiar as mulheres que competem”.



