Secretária da ONU alerta para retrocessos globais nos direitos das mulheres
Órgão aponta que a desigualdade de gênero custa trilhões à economia global e mantém milhões em situação de pobreza
Por Bianca Penteado, de Pequim – A secretária-geral adjunta das Nações Unidas, Amina Mohammed, discursou na abertura da Reunião de Líderes Globais sobre Mulheres, realizada em Pequim nesta segunda-feira (13).
Em declaração, Mohammed destacou que, em 1995, a conferência realizada na capital chinesa se tornou um divisor de águas ao afirmar que os direitos das mulheres são direitos humanos. No entanto, alertou que, três décadas depois, parte desse legado permanece incompleto, com a luta pela igualdade de gênero enfrentando retrocessos.
“Apesar de nossas promessas renovadas há apenas algumas semanas, durante a semana de alto nível das Nações Unidas, o progresso para mulheres e meninas caminha a passo de caracol. Em muitas áreas, não apenas estagnou, mas está retrocedendo. Estamos a apenas cinco anos do prazo de nossos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030. A hora é tardia”, afirmou.
Ela ressaltou que o desafio não está apenas em reafirmar compromissos, mas em transformá-los em políticas concretas: “Neste momento crítico, em que a igualdade de gênero está perigosamente fora do rumo, a mensagem não basta”.
A secretária-geral adjunta da ONU ainda defendeu que o empoderamento feminino seja colocado no centro das políticas públicas e não tratado como iniciativa paralela.
“Empoderar começa com uma base inegociável: proteção. Não podemos falar em empoderar mulheres enquanto elas vivem à sombra da violência e sob constante medo. Mas segurança é apenas o começo. O verdadeiro empoderamento significa abrir todas as portas: para a educação, para a saúde, para o trabalho decente e para a plena participação política", enfatizou.
Mohammed ressaltou o impacto econômico da desigualdade de gênero e defendeu maior investimento em mulheres. Segundo ela, diminuir a disparidade digital entre homens e mulheres não apenas retiraria 30 milhões de pessoas da pobreza extrema, como também poderia acrescentar US$ 1,5 trilhão à economia global em apenas cinco anos.



