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Bitcoin tem pior mês desde colapso cripto de 2022

Maior criptomoeda do mercado perde um quarto do valor em novembro e sentimento de investidores atinge nível de “medo extremo”

Uma representação da criptomoeda virtual Bitcoin é vista nesta ilustração tirada em 19 de outubro de 2021 (Foto: REUTERS/Edgar Su)

247 - O Bitcoin enfrenta seu pior desempenho mensal desde a derrocada generalizada do setor em 2022, com uma queda que expõe a fragilidade atual do mercado cripto diante da liquidação de posições alavancadas e do clima negativo nos mercados globais.

As informações foram publicadas originalmente pela Bloomberg, que atribui a forte retração à combinação de vendas forçadas, temor entre investidores e fluxos negativos recordes em fundos negociados em bolsa.

Na sexta-feira (21), o Bitcoin chegou a recuar 6,4%, atingindo US$ 81.629, enquanto o Ether caiu até 7,6%, ficando abaixo de US$ 2.700. O recuo amplia uma perda mensal que já supera 25%, o maior tombo para um único mês desde junho de 2022, quando o colapso da TerraUSD desencadeou uma sequência de falências que culminou na derrocada da FTX, de Sam Bankman-Fried.

Mesmo com um ambiente político visto como favorável às criptomoedas — sob a administração do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — e com a crescente adoção institucional, o Bitcoin já caiu mais de 30% desde que renovou sua máxima histórica no início de outubro.

O agravamento da aversão ao risco no mercado global também contribuiu para o mau humor. A recuperação recente das ações nos EUA, impulsionada pelo otimismo em torno da inteligência artificial após resultados positivos da Nvidia, perdeu força na quinta-feira (20) em meio às preocupações com valuations esticados e dúvidas sobre uma possível redução de juros pelo Federal Reserve em dezembro.

Segundo a plataforma CoinGlass, o mercado sofreu US$ 19 bilhões em liquidações no dia 10 de outubro, o que derrubou cerca de US$ 1,5 trilhão do valor total das criptomoedas. Apenas nas últimas 24 horas, outras liquidações somaram cerca de US$ 2 bilhões, reforçando o ciclo de pressão vendedora.

O gestor Pratik Kala, do fundo australiano Apollo Crypto, afirmou que o ambiente permanece deteriorado. “O sentimento está incrivelmente ruim em todos os níveis. Parece haver um vendedor forçado no mercado e não está claro até onde isso vai”, declarou.

Um indicador de sentimento elaborado pela Coinglass mostra que o humor dos investidores está no patamar de “medo extremo”, o mais baixo desde o colapso cripto de 2022. Para efeito de comparação, o índice marcava 94 pontos pouco após a vitória eleitoral de Trump há pouco mais de um ano.

A fraqueza também afasta investidores institucionais: um grupo de 12 ETFs de Bitcoin listados nos EUA registrou US$ 903 milhões em saídas líquidas na quinta-feira (20), a segunda maior retirada diária desde janeiro de 2024. O interesse aberto em futuros perpétuos despencou 35% desde o pico de outubro, quando havia alcançado US$ 94 bilhões.

Tony Sycamore, analista da IG Australia, destacou que o movimento pode testar os limites da Strategy, empresa dirigida por Michael Saylor, conhecida por acumular Bitcoin com forte alavancagem. “O mercado pode estar buscando testar o limite de dor da Strategy”, afirmou. A possibilidade de novas quedas pressiona a empresa, que registrou baixa de 5% na quinta-feira (20) e viu seu mNAV — relação entre valor de mercado e suas reservas de Bitcoin — cair para pouco acima de 1,2.

Analistas do JPMorgan alertaram que a Strategy corre o risco de ser retirada de índices como o MSCI USA e o Nasdaq 100, decisão prevista para 15 de janeiro. Empresas que seguiram estratégia semelhante à de Saylor, como Sequans Communications, ETHZilla e FG Nexus, também enfrentam dificuldades e já começaram a vender parte de suas reservas de criptomoedas para financiar programas de recompra de ações.

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