EDP investe US$ 1,4 bi no Brasil e mira baterias contra curtailment
Empresa portuguesa prevê US$ 13 bilhões até 2028 e avalia novas tecnologias para reduzir perdas em projetos renováveis
247 - A portuguesa EDP anunciou nesta quinta-feira (6) um novo plano global de investimentos de US$ 13 bilhões (cerca de R$ 74 bilhões) para o triênio 2026-2028. O pacote inclui US$ 1,4 bilhão (aproximadamente R$ 8 bilhões) destinados ao Brasil, com foco principal em redes de distribuição e transmissão. A informação foi publicada pela Agência iNFRA.
De acordo com a reportagem, o presidente executivo do grupo, Miguel Stilwell d’Andrade, explicou que a companhia analisa também novas oportunidades no país, como o desenvolvimento de sistemas de armazenamento em baterias. Em entrevista a jornalistas após um evento em Londres, ele afirmou que não há, por ora, planos para novos projetos eólicos e solares no Brasil, devido à intensificação do curtailment — cortes obrigatórios de geração — e à ausência de compensações financeiras adequadas.
“Temos um portfólio de investimentos em renováveis, mas no Brasil não há novos projetos de geração agora, porque estamos esperando alterações regulatórias que permitam compensar o curtailment. Isso está tirando bastante a rentabilidade e a atratividade desses projetos”, declarou Andrade. Ele destacou, contudo, que a aprovação da compensação para esses cortes dentro da Medida Provisória (MP) 1.304 pelo Congresso Nacional foi uma “boa notícia”. “Recebemos boas notícias sobre a MP na semana passada e esperamos que isso seja regulamentado”, completou.
O executivo apontou que, apesar dos entraves, o cenário atual abre espaço para novos investimentos em transmissão e soluções de armazenamento químico. “Nós estamos olhando para baterias, que podem vir a se tornar parte do nosso mix no Brasil e certamente ajudarão a reduzir o curtailment”, afirmou.
Mercado brasileiro e perspectivas
O presidente da EDP também disse acompanhar com otimismo o processo de abertura total do mercado livre de energia elétrica no Brasil. “Acreditamos que essa será uma boa oportunidade para a gente”, declarou, lembrando que a empresa já opera uma das maiores comercializadoras de energia do país.
O novo plano de investimentos da EDP prevê US$ 750 milhões (cerca de R$ 4,3 bilhões) voltados ao segmento de distribuição, nas concessões do grupo no Espírito Santo e no litoral paulista, e mais US$ 645 milhões (em torno de R$ 3,7 bilhões) para a área de transmissão. A média anual de investimentos será de aproximadamente US$ 430 milhões.
Mesmo assim, Andrade reconheceu que o ambiente macroeconômico brasileiro tem limitado uma expansão mais agressiva. “O Brasil tem uma taxa de juro alta e inflação baixa, então não é um ótimo momento para investir. Por isso continuaremos apostando na distribuição e na transmissão, que são investimentos rentáveis, sólidos e de longo prazo”, observou.



