Google apresenta avanço histórico com chip quântico Willow
Novo algoritmo da empresa executou cálculos 13 mil vezes mais rápidos que o supercomputador mais potente do mundo
247 - A Alphabet Inc., controladora do Google, anunciou um avanço decisivo na corrida pela computação quântica. A empresa revelou que seu chip “Willow” foi capaz de executar um algoritmo inédito, denominado Quantum Echoes, que superou a capacidade dos supercomputadores clássicos ao realizar operações 13 mil vezes mais rápidas.
De acordo com informações publicadas pela Bloomberg, o experimento marca um passo fundamental para o uso prático da tecnologia quântica, que há décadas é considerada o “Santo Graal” da computação de alta performance. O estudo foi detalhado na revista científica Nature e apresenta um algoritmo verificável — ou seja, capaz de ser reproduzido em outras plataformas quânticas —, característica essencial para validar resultados no campo.
Avanço que aproxima a era da utilidade quântica
Tom O’Brien, cientista de pesquisa da divisão Google Quantum AI, destacou a importância do feito. “O ponto-chave sobre a verificabilidade é que isso representa um enorme avanço no caminho para aplicações do mundo real”, afirmou. “Com esse resultado, estamos realmente nos aproximando de tornar a tecnologia quântica algo mainstream.”
O impacto do anúncio foi imediato no mercado financeiro: as ações da Alphabet subiram até 2,4% nas negociações em Nova York. O avanço reforça a liderança do Google em uma disputa que também envolve gigantes como Microsoft, IBM e diversas startups especializadas.
Desafios e perspectivas
A computação quântica difere da tradicional por realizar cálculos em paralelo, em vez de sequência, explorando os princípios da mecânica quântica para atingir velocidades muito superiores. No entanto, encontrar aplicações práticas continua sendo o grande desafio do setor.
Scott Aaronson, cientista da computação da Universidade do Texas em Austin, elogiou o resultado. Em mensagem enviada à Bloomberg, afirmou estar “entusiasmado com o progresso do Google em superar supercomputadores de forma repetível e verificável”. Ainda assim, ele fez um alerta: “Chegar a algo comercialmente útil ou alcançar tolerância total a falhas — o que não foi usado nesta demonstração — continua sendo um desafio gigantesco.”
Aplicações em medicina e ciência dos materiais
Um estudo adicional, ainda não revisado por pares, mostrou que o algoritmo pode ser usado para mapear estruturas moleculares, calculando distâncias entre átomos — um passo promissor para pesquisas em fármacos e design de novos materiais, como baterias de alta densidade.
Os cientistas do Google estimam, contudo, que essas aplicações exigirão computadores quânticos cerca de 10 mil vezes mais poderosos que os disponíveis atualmente. A equipe, que conta com Michel H. Devoret — ganhador do Prêmio Nobel de Física de 2025 —, planeja continuar aprimorando a escala e a precisão das máquinas.
Com o Willow, o Google reforça sua aposta em um futuro onde a computação quântica poderá revolucionar setores inteiros, do desenvolvimento de medicamentos à criação de materiais avançados, transformando profundamente a capacidade humana de processamento de dados complexos.



