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João Luiz Fukunaga renuncia à presidência da Previ após desgaste interno

Após auditoria do TCU e crise de rentabilidade, Fukunaga se afasta do cargo; Chiumento assume liderança do maior fundo de pensão do Brasil

João Luiz Fukunaga (Foto: Associados Previ)

247 - O presidente da Previ, João Luiz Fukunaga, apresentou sua renúncia nesta sexta-feira (17) durante reunião do Conselho Deliberativo do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Fukunaga, que estava à frente da maior entidade de previdência privada do país, com mais de R$ 270 bilhões em ativos, deixa o cargo após meses de desgaste, em meio a auditorias e resultados financeiros conturbados. Em seu lugar, assume Márcio Chiumento, atual diretor de Participações da fundação. A informação foi inicialmente publicada pelo Valor Econômico.

A renúncia de Fukunaga ocorre após uma série de revezes e críticas, principalmente a partir de abril de 2024, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) anunciou a abertura de uma auditoria nas contas do fundo. O processo foi motivado por um déficit significativo registrado em 2024, no valor de R$ 3,16 bilhões, que foi revertido no ano seguinte, com um superávit de R$ 1,48 bilhão até agosto de 2025. Em declarações anteriores, Fukunaga destacou que o resultado negativo de 2024 foi "conjuntural", e defendeu que os investimentos do fundo sempre seguiram critérios técnicos e rigorosos. "Nunca houve rombo de qualquer tipo, os resultados negativos em 2024 foram conjunturais. Nossos investimentos são feitos sempre de forma técnica e criteriosa", afirmou o ex-presidente na época.

A Previ atribui o desempenho financeiro do fundo à volatilidade dos mercados, especialmente nas ações de grandes empresas, como a Vale, e em títulos públicos indexados à inflação, que sofreram variações durante o período. Em uma tentativa de mitigar riscos, a fundação reduziu sua exposição a ativos de risco e investiu fortemente em títulos públicos. Apenas em 2025, a Previ desfez-se de cerca de R$ 7 bilhões em ações e imóveis, adquirindo títulos públicos com rentabilidade atrelada ao IPCA, buscando "imunizar" sua carteira, em especial no Plano 1, que é o maior e mais antigo da fundação, com R$ 233 bilhões em ativos e 106 mil participantes.

A decisão de Fukunaga de deixar o cargo também reflete a pressão política e interna. Sua nomeação para a presidência da Previ em 2023, por Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil, foi marcada por críticas devido ao seu histórico como sindicalista. Fukunaga, formado em História e funcionário do Banco do Brasil desde 2008, havia sido o primeiro sindicalista a ocupar o cargo desde 2010, o que gerou polêmicas no mercado financeiro.

Chiumento, que agora assume a presidência da Previ, é funcionário do Banco do Brasil desde 2000 e tem experiência em cargos de liderança na instituição. Ele já foi responsável pela área de Clientes, Estratégia e Produtos do setor público e atualmente integra conselhos de administração de empresas como Neoenergia e Tupy. A transição foi marcada pela nomeação de Adriana Chagastelles para a diretoria de Participações, cargo que ela ocupa pela primeira vez como mulher e executiva do Banco do Brasil.

Este movimento de renovação no Banco do Brasil e suas subsidiárias, incluindo a troca de liderança na BB Asset e outros cargos executivos, reflete uma estratégia mais ampla da atual gestão do banco de modernizar sua estrutura e fortalecer sua posição no mercado financeiro. O novo presidente da Previ, Márcio Chiumento, terá como desafio restabelecer a confiança dos participantes do fundo e consolidar os resultados financeiros após um período de turbulência.

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