Petz e Cobasi enfrentam pressão da Petlove por desinvestimento na fusão
Concorrente quer que Cade exija venda ampla de ativos para manter rivalidade no setor pet
247 - A disputa em torno da fusão entre Petz e Cobasi ganhou novo capítulo na segunda-feira (17), quando a Petlove passou a defender que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) só aprove o negócio mediante um amplo desinvestimento. A mudança de posição consta de uma petição enviada pela empresa, que reconfigurou sua estratégia após inicialmente pedir a rejeição integral da operação.
A informação foi publicada originalmente pelo Broadcast (Agência Estado), que revelou que a Petlove agora condiciona a aprovação à adoção de um “remédio estrutural robusto”, incluindo a alienação de lojas, centros de distribuição, dados de clientes e equipes, formando uma unidade de negócios autônoma capaz de rivalizar com as duas gigantes.
Nos bastidores, a expectativa é que o tribunal do Cade avalie o caso ainda em 2025, em uma das sessões previstas para quarta-feira (26) ou terça-feira (10) de dezembro. A Petlove sustenta que o desinvestimento deve envolver a venda de 105 a 132 lojas, além de ativos que permitam a criação de um concorrente “viável e independente”.
Segundo a Petlove, apenas medidas comportamentais não seriam suficientes para conter efeitos nocivos no mercado. “Medidas comportamentais complementares são igualmente necessárias para conter o poder de compra”, afirmou a empresa na petição.
Estudos apresentados ao Cade
O ex-superintendente e ex-conselheiro do Cade Carlos Ragazzo, que representa a Petlove, apresentou estudo técnico reforçando que Petz e Cobasi são as únicas varejistas do setor pet com atuação nacional e forte convergência de público e tráfego digital. Ele argumentou que alternativas como pet shops de bairro, supermercados, agrolojas e marketplaces não exercem pressão competitiva efetiva.
“Canais alternativos, como pet shops de bairro, supermercados, agrolojas e marketplaces não exercem pressão competitiva efetiva sobre as megastores, dada a ausência de escala, densidade e capacidade tecnológica”, afirmou Ragazzo. Ele acrescentou que o setor enfrenta barreiras de entrada elevadas, sustentadas por capilaridade logística, força de marca e desaceleração do mercado.
Para o advogado, a venda de uma das marcas seria “a única solução estrutural capaz de restaurar a concorrência”, permitindo recriar um rival de porte semelhante e manter o dinamismo do varejo pet.
Ragazzo também recordou precedentes do Cade, como o caso Sadia-Perdigão, que exigiu desinvestimentos bilionários e suspensão de marcas, e a fusão Localiza-Unidas, condicionada à venda de parte da frota e da marca Unidas.
Área técnica liberou operação sem restrições
A Superintendência-Geral do Cade aprovou a fusão sem restrições em junho, entendendo que o setor é amplo, pulverizado e competitivo. O superintendente Alexandre Barreto avaliou que não havia risco concorrencial que justificasse a imposição de remédios.
O recurso interposto pela Petlove levou o caso ao tribunal administrativo. A empresa afirma que a análise ignorou diferenças estruturais entre megastores e pequenos estabelecimentos, o que impactaria preços, portfólios e estratégias comerciais.
Já Petz e Cobasi defendem que o mercado é “altamente competitivo e pulverizado” e que outros players têm força suficiente para conter eventuais aumentos de preços. As empresas argumentam que a fusão permitirá ampliar capilaridade e reduzir custos ao consumidor.
Estrutura da fusão
Pelo acordo, a transação será feita por meio da incorporação das ações da Petz pela Cobasi, tornando a Petz subsidiária integral da nova empresa combinada. Os acionistas da Petz ficarão com 52,6% do capital e os da Cobasi, com 47,4%. A companhia resultante deve alcançar R$ 7 bilhões em faturamento no varejo pet.
Anunciada em agosto de 2024, a fusão foi justificada como uma forma de ampliar a eficiência operacional, aumentar a oferta de produtos e serviços e reduzir preços por meio da integração de lojas e e-commerce.



