Vale indica dividendos extras após forte geração de caixa
Companhia registra avanço em EBITDA, redução da dívida e ganhos em cobre e níquel
247 - A mineradora Vale S.A. (B3: VALE3; NYSE: VALE) sinalizou que pode anunciar dividendos extraordinários nos próximos meses, impulsionada por um sólido desempenho no terceiro trimestre de 2025. O resultado foi marcado por forte geração de caixa, margens mais altas e controle rigoroso de custos operacionais.
De acordo com o portal Brazil Stock Guide, o diretor financeiro da companhia, Marcelo Bacci, afirmou que a combinação entre preços estáveis do minério de ferro — acima de US$ 100 por tonelada — e a consistência operacional cria um ambiente favorável para novas distribuições aos acionistas. “A estabilidade da empresa e a resiliência do mercado abrem espaço para dividendos extraordinários”, disse Bacci a analistas, acrescentando que a decisão final dependerá do desempenho do fluxo de caixa livre no quarto trimestre e da conclusão do programa de recompra de debêntures participativas.
Resultados e indicadores financeiros
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) pro forma alcançou US$ 4,4 bilhões, um aumento de 17% em relação ao mesmo período de 2024. O fluxo de caixa livre recorrente somou US$ 1,6 bilhão — um salto de US$ 1 bilhão na comparação anual — e o fluxo de caixa total chegou a US$ 2,6 bilhões, impulsionado pela venda da participação na Aliança Energia. A dívida líquida expandida caiu US$ 800 milhões, totalizando US$ 16,6 bilhões, enquanto a empresa devolveu US$ 1,5 bilhão aos acionistas via juros sobre capital próprio (JCP).
Questionado sobre a proposta de imposto de 10% sobre dividendos no Brasil, Bacci afirmou que o impacto imediato seria limitado. “O efeito seria mínimo no curto prazo”, explicou, ressaltando que a companhia poderá ajustar sua estrutura de pagamentos caso a legislação final crie oportunidades de otimização tributária. Ele descartou mudanças na meta de dívida líquida expandida, atualmente entre US$ 10 e US$ 20 bilhões, mas admitiu que o indicador pode ser revisado à medida que os compromissos de reparação se reduzam até 2027.
Margens e produtos premium
O vice-presidente comercial, Rogério Nogueira, destacou que a rentabilidade foi impulsionada por prêmios mais altos e uma melhor composição de produtos. O EBITDA do minério de ferro chegou próximo de US$ 4 bilhões, com aumento de 5% nas vendas e redução dos custos logísticos. Segundo Nogueira, a otimização do portfólio adicionou de US$ 2 a US$ 3 por tonelada aos preços realizados, impulsionada pela mistura SSCJ — produto de minério de Carajás com teor intermediário — que alcançou 30 milhões de toneladas vendidas com prêmios acima dos índices de referência de 62% de ferro.
“Estamos expandindo nossa presença global em mistura de minérios — em Sohar, na Europa e na Malásia —, reduzindo custos logísticos e ganhando flexibilidade”, afirmou Nogueira, lembrando que a Vale já possui 20 centros de mistura e concentração ao redor do mundo.
Metais básicos e crescimento do cobre
O CEO da divisão Base Metals, Sean Asmar, informou que a Vale triplicou a atividade de perfuração no Pará em 2025 e está 14% adiantada no cronograma do projeto de cobre Bacaba, voltado à redução de custos e aceleração de obras. “Redesenhamos nosso plano de longo prazo para fazer mais com o mesmo capital”, declarou.
A companhia reportou queda de 65% nos custos totais do cobre e redução de 32% nos custos do níquel, resultado de maior eficiência operacional e aumento nas receitas provenientes de subprodutos como ouro e metais do grupo da platina (PGMs). O segundo forno da planta Onça Puma entrou em operação em setembro, 13% abaixo do orçamento previsto, acrescentando 15 mil toneladas anuais de capacidade e reduzindo os custos unitários em cerca de 10%. “Estamos financiando o crescimento com fluxo de caixa interno. Os resultados em cobre e níquel mostram que essa estratégia está funcionando”, completou Asmar.
Samarco e perspectivas de longo prazo
O CEO Gustavo Pimenta informou que a Samarco, controlada em parceria com a BHP, avança na retomada da produção, operando com dois concentradores e planejando um terceiro, que poderá elevar a capacidade para 28 milhões de toneladas nos próximos anos. Ele considerou “prematuro” reverter provisões ligadas à Fundação Renova, mas reconheceu que o ativo voltou a ter importância estratégica para a Vale.
Sobre o relacionamento com a China, Nogueira afirmou que a companhia mantém “discussões construtivas e contínuas” com o China Mineral Resources Group (CMRG). “Desenvolvemos navios, misturas e infraestrutura portuária em conjunto há décadas. Buscamos soluções de ganhos mútuos com nossos parceiros chineses”, disse.
Encerrando a apresentação, Pimenta reafirmou o foco da Vale na criação de valor sustentável. “Ainda vemos um potencial de valorização significativo. A Vale não precisa de fusões e aquisições para crescer — temos os recursos, a disciplina e o tempo para construir valor de forma sustentável”, concluiu.



