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Desastre em Mariana. SOS Mata Atlântica examina o impacto da tragédia

A Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com a empresa Prominent e demais grupos de especialistas voluntários, realiza uma expedição pelos municípios afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos em Mariana/MG, coletando materiais para análise dos impactos ambientais sofridos na região. A devastação é enorme.

A Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com a empresa Prominent e demais grupos de especialistas voluntários, realiza uma expedição pelos municípios afetados pelo rompimento da barragem de rejeitos em Mariana/MG, coletando materiais para análise dos impactos ambientais sofridos na região. A devastação é enorme. (Foto: Luis Pellegrini)
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Antes cristalino, o Rio Doce e seus afluentes viraram verdadeiros rios de lama tóxica marrom. Não há prazo definido para o processamento dos detritos (Foto SOS Mata Atlântica)

 

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Por: Equipe Oásis. Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica

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Desde domingo, 6 de dezembro, uma equipe da SOS Mata Atlântica está em expedição pelos municípios afetados pelo rompimento da barragem com o objetivo de coletar sedimentos para análises em laboratórios e monitorar a qualidade da água do Rio Doce e afluentes atingidos pela lama e rejeitos de minérios. Da equipe faz parte o eco esportista Dan Robson Dias, que navega pelos rios afetados pelo desastre ambiental na Bacia do Rio Doce com um caiaque especialmente equipado para a realização de análises da qualidade da água e da profundidade do leito dos rios e dos reservatórios ao longo do percurso.

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As duas fotos mostram o Rio Doce antes (acima) e depois (abaixo) do desastre ambiental provocado pela mineradora Samarco

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“A situação é absolutamente desoladora. Passado um mês do rompimento das barragens os rios ainda estão cor de laranja, com turbidez extremamente elevada, com altíssima concentração de sedimentos e metais. Estamos fazendo coletas para as análises de qualidade da água e metais pesados e em breve, quando concluirmos os estudos, divulgaremos dados e um relato da expedição”, comenta Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. A expedição é realizada em parceria com a empresa Prominent, fornecedora de equipamentos e reagentes, de outros grupos de especialistas voluntários, como o GIAIA – Grupo Independente de Avaliação de Impacto Ambiental.

Enorme turbidez da água

A analise da água, que têm como base a legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para obtenção do IQA (índice de qualidade da água) é feita com emprego de um kit desenvolvido pelo programa Rede das Águas, utilizado no projeto Observando os Rios, que reúne voluntários de diversos estados do país, localizados em áreas de Mata Atlântica, para o monitoramento de qualidade da água em rios, córregos e lagos.  O kit segue metodologia para avaliação do IQA a partir de um total de 16 parâmetros, que incluem níveis de oxigênio, demanda bioquímica de oxigênio, nitrato, coliformes, fosfato, pH, temperatura, turbidez, odor cor  e presença de peixes, larvas brancas e vermelhas. A classificação da qualidade das águas é feita em cinco níveis de pontuação: péssimo (de 14 a 20 pontos), ruim (de 21 a 26 pontos), regular (de 27 a 35 pontos), bom (de 36 a 40 pontos) e ótimo (acima de 40 pontos).

 

Além das vítimas humanas, o desastre provocou a morte de toneladas de peixes e de animais ribeirinhos

 

“Em virtude da contaminação por rejeitos de minério, com metais pesados e da enorme turbidez da água, estão sendo utilizados equipamentos especiais para medição de metais. Parte dos testes estão sendo feitos em campo, com o emprego de sondas de medição e expecto fotômetro e as amostras preservadas serão levadas para três laboratórios das universidades parceiras, integrantes do GIAIA”, complementa Malu Ribeiro. 

A investigação se enquadra nas atividades da Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para a elaboração anual do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. Por meio desse levantamento foi possível mensurar os impactos ambientais que ocorreram nas áreas de vegetação em torno das barragens, após o rompimento ocorrido no dia 05/11.

Sensoriamento remoto e geoprocessamento

A avaliação do impacto decorrente do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco - pertencente a Vale e BHP Billiton – na região de Mariana, em Minas Gerais, é comentada por Márcia Hirota, diretora-executiva da SOS Mata Atlântica. Ela explica que esta análise teve como base o “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, desenvolvido anualmente por essas organizações, com patrocínio do Bradesco Cartões, e que utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para monitorar remanescentes acima de 3 hectares (ha). “Entretanto, neste estudo, avaliamos fragmentos de vegetação nativa e áreas naturais acima de 1 ha, o que possibilitou um exame mais detalhado da vegetação natural, com porte arbóreo/ arbustivo ou florestal com menor grau de conservação, existente nas margens dos rios e demais áreas afetadas pelo rompimento da barragem”.

 

Antes (acima), assim era a região da Bacia do Rio Doce nas imediações de Mariana (Foto do satélite Landsat)

Depois (abaixo), assim ficou a mesma região após o rompimento da barragem (Foto do satélite Landsat)

A área analisada abrange os municípios de Mariana, Barra Longa, Rio Doce, Santa Cruz do Escalvado e Ponte Nova, todos integralmente inseridos nos limites da Mata Atlântica, de acordo com o mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica (11.428/ 2006).

O estudo constatou que a lama de rejeitos impactou uma área total de 1.775 ha, ou 17 km2, desses municípios, incluindo-se regiões de vegetação nativa ou alteradas por pasto, agricultura e malhas urbanas. A lama removeu um total de 324 ha de áreas de Mata Atlântica, sendo 236 ha de florestas nativas e outros 88 ha de vegetação natural.

 

O eco esportista Dan Robson Dias e seu caiaque, agora em ação no Vale do Rio Doce

 

Foram avaliados na análise de impacto sobre a vegetação nativa 114 km de cursos d’água (12 km do Rio Doce, 28 km do Rio Carmo, 69 km do Rio Gualaxo do Norte, 3 km do córrego Santarém e 2 km do afluente do córrego Santarém), a partir da barragem de Bento Rodrigues, onde ocorreu o rompimento, até a represa da Usina Candonga (UHE Risoleta Neves), no município de Rio Doce.

Um total de 679 km de rios afetados

Segundo Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE, a represa da Usina Candonga absorveu o impacto da onda de lama que afetou a área do entorno dos rios. “Após a represa, o impacto foi no leito do rio, na qualidade da água e no deslocamento de sedimentos, não havendo remoção de vegetação nas margens dos rios, ou ao menos na escala do estudo, que considera áreas com no mínimo 1 ha”.

O rompimento da barragem de rejeitos afetou um total de 679 km de rios, sendo os 114 km já citados entre a barragem de Bento Rodrigues até a represa da Usina Condonga, e outros 564 km entre a usina e a foz do Rio Doce no oceano, em Linhares, no Espírito Santo.

 

Inúmeras equipes de voluntários da região se mobilizaram para salvar pessoas e animais aprisionados na lama (Foto SOS Mata Atlântica)

 

As principais referências para a interpretação realizada no mapeamento detalhado foram as imagens orbitais do sensor OLI/LANDSAT 8, de 2015, referentes a antes (25 de setembro) e depois do rompimento (12 de novembro), além de imagens de alta resolução disponíveis no Google Earth. “Com as tecnologias hoje disponíveis podemos identificar com mais precisão áreas de vegetação de menor porte ou com menor grau de conservação, mas que exercem papel importante no que se refere a proteção do solo e a qualidade e quantidade de água que abastece rios e represas”, observa Marcos Rosa, diretor da Arcplan. Mapas das áreas avaliadas, em alta resolução, disponíveis em: https://www.dropbox.com/s/wh9n5mp66d950wm/MG.zip?dl=0

Desmonte da legislação ambiental 

“Minas Gerais já é um Estado bastante castigado em relação a supressão de vegetação nativa e foi campeão do ranking do desmatamento da Mata Atlântica por cinco anos consecutivos. A tragédia de Mariana, com seu rastro de degradação, se soma a essa realidade e reflete as trágicas consequências do desmonte gradativo da legislação ambiental brasileira e da sua não aplicação. Deve servir, portanto, para mobilizar governos e sociedade a empregar esforços para o aprimoramento das políticas ambientais, a proteção das florestas nativas, a recuperação dos ambientes degradados e o aperfeiçoamento de mecanismos de controle de atividades empresariais com grandes impactos ao meio ambiente”, conclui Marcia Hirota.


Confira o relatório completo do estudo em: https://goo.gl/sCGZU3

Sobre a SOS Mata Atlântica: A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG brasileira que atua há 29 anos na proteção dessa que é a floresta mais ameaçada do país. A ONG realiza diversos projetos nas áreas de monitoramento e restauração da Mata Atlântica, proteção do mar e da costa, políticas públicas e melhorias das leis ambientais, educação ambiental, campanhas sobre o meio ambiente, apoio a reservas e unidades de conservação, dentre outros. Todas essas ações contribuem para a qualidade de vida, já que vivem na Mata Atlântica mais de 72% da população brasileira. Os projetos e campanhas da ONG dependem da ajuda de pessoas e empresas para continuar a existir. Saiba como você pode ajudar em www.sosma.org.br.

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