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Oásis

Mudanças climáticas: O homem é mesmo o maior responsável

O Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC) – entidade que estuda as mudanças atualmente em curso no clima do planeta – apresentou, a 27 de setembro último, parte do seu novo relatório. Conclusão: o aquecimento global é causado principalmente pelas atividades humanas na superfície da Terra

O Painel Intergovernamental da Mudança Climática (IPCC) – entidade que estuda as mudanças atualmente em curso no clima do planeta – apresentou, a 27 de setembro último, parte do seu novo relatório. Conclusão: o aquecimento global é causado principalmente pelas atividades humanas na superfície da Terra (Foto: Gisele Federicce)
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Importantes fenômenos naturais como os furacões deverão ser mais frequentes nas próximas décadas



Por: Luis Pellegrini

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Os 195 países membros do IPCC aprovaram um novo relatório sobre as mudanças climáticas. O trabalho envolveu a participação de 859 cientistas de todo o mundo e foi submetido a duas fases de revisões por especialistas selecionados (569 revisores na primeira fase e 800 na segunda).

Esses cientistas assumiram a importante tarefa de analisar e avaliar mais de 9.200 publicações científicas relacionadas às observações de indicadores climáticos, modelos climáticos e projeções climáticas. Considera-se praticamente impossível que no relatório existam conclusões erradas.

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A maior parte dos glaciares do mundo está retrocedendo devido ao aumento da temperatura média do planeta

Efeitos antropogênicos na mudança climática

Os conteúdos desse último relatório do IPCC mostram que as evidências científicas dos efeitos antropogênicos sobre o sistema climático foi se consolidando nos últimos anos. Em outras palavras, pode-se afirmar agora que a ação do homem sobre o clima é evidente e clara.

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Analistas consideram que neste relatório a descrição dos vários aspectos das mudanças climáticas é muito mais consistente por estar baseada em:

- uma série bem mais ampla de evidências acompanhadas de uma melhor análise das incertezas inerentes a essas aferições;
- uma análise mais aprofundada do estado do conhecimento científico sobre o efeito das nuvens, dos aerossóis, das radiações cósmicas sobre o sistema climático e do efeito das monções e do fenômeno El Niño/La Niña sobre as mudanças climáticas em escala regional;
- uma análise de um número bem maior de simulações numéricas produzidas por uma nova geração de modelos climáticos mais avançados (Earth System Models) e que foram convalidados a partir de observações (foram avaliados mais de 2 milhões de gigabytes de dados e informações obtidos nessas simulações);
- um conjunto de projeções climáticas tanto de curto prazo (2016-2035) quanto de longo prazo (2086-2100).

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Além disso, pela primeira vez o relatório apresenta em anexo o Atlas das Projeções Climáticas Globais e Regionais.

Secas e inundações aumentarão de número e de intensidade,segundo as previsões do último relatório do IPCC

As principais conclusões

É "extremamente provável" que mais da metade do aumento observado da temperatura superficial de 1951 a 2010 seja provocado pelo efeito antropogênico sobre o clima (emissões de gases de efeito-estufa, aerossóis e mudanças no uso do solo). Tais fatores provocaram o aquecimento dos oceanos, a fusão dos gelos e a redução da cobertura de neve, a elevação do nível médio dos mares e a modificação de alguns extremos climáticos na segunda metade do século 20.

Temperatura em aumento: As últimas três décadas foram as mais quentes desde 1850, quando começaram as aferições termométricas a nível global. O último decênio foi o mais quente. Com base nas análises dos recordes paleoclimáticos, o período 1983–2012 é muito provavelmente o período de 30 anos mais quente dos últimos 1400 anos. Considerando-se a tendência linear, a temperatura média superficial global aumentou de 0,85 graus centígrados no período entre 1880-2012.

Mudanças também no regime das chuvas: Quanto às precipitações atmosféricas sobre a superfície do planeta, verificou-se que nas terras emersas a médias latitudes as precipitações aumentaram a partir de 1901, e particularmente a partir de 1951.

A partir de 1950, foram observadas mudanças cada vez mais importantes na ocorrência de eventos extremos meteorológicos e climáticos. Em nível global, diminuiu o número de dias e noites frias, e aumentou o número de dias e noites quentes;
- a frequência de ondas de calor aumentou em vastas áreas da Europa, Ásia e Austrália.

Catástrofes naturais como furacões, inundações e terremotos poderão causar grandes prejuízos

Aquecimento dos oceanos: É "virtualmente certo", diz o relatório, que os oceanos superficiais se aqueceram durante os últimos decênios de 1971 a 2010. Nesse período esse aquecimento manifestou-se particularmente acentuado, superando 0.11°C/decênio (entre 0,09 e 0,13) nos primeiros 75 metros de profundidade.

Criosfera: Verificou-se também que as calotas glaciares na Groenlândia e na Antártica perderam massa nos últimos dois decênios. Os glaciares se reduziram em quase todo o planeta e a diminuição da banquisa ártica está aumentando nos meses de verão. A calota glacial na Groenlândia perdeu massa de maneira muito mais veloz nos últimos anos. A taxa média de diminuição aumentou de 34 Gt/ano em 1992-2001 para 215 Gt/ano em 2002-2011 (Gt = gigatonelada). Na Antártica, a perda de massa das calotas glaciais aumentou de 30 Gt/ano em 1992-2001 para 147 Gt/ano em 2002-2011. Essa diminuição está concentrada sobretudo na Península Antártica Setentrional e no Mar de Amundsen, na Antártica Ocidental.

O nivel do mar está realmente subindo a cada ano

O nível do mar

O nível global médio do mar aumentou 0,19 m no período entre 1901-2010. Baseando-se em reconstruções paleoclimáticas, é virtualmente certo que a taxa de aumento do nível global médio marinho se acelerou nos últimos dois séculos. Estima-se que a taxa média de elevação do nível global médio marinho seja de 1,7 mm/ano no período 1901-2010 e de 3,2 mm/ano no período 1993-2010.

Gases de efeito estufa e aerossóis

A concentração atmosférica global de CO2 (anidrido carbônico) aumentou de cerca 40% em relação aos níveis de 1750. Esse aumento é causado pelo uso de combustíveis fósseis, pelo desflorestamento e, em menor medida, pela produção do cimento. Todas as atuais concentrações atmosféricas globais de CO2, metano (CH4), protóxido de azoto (N2O) são maiores do que as concentrações registradas nos cilindros de gelo dos últimos 800 mil anos. As concentrações atmosféricas globais dos gases CO2, CH4, N2O cresceram respectivamente cerca de 40%, 150%, e 20% desde 1750.

O homem é mesmo o maior culpado

A tendência mostrada pela sucessão de relatórios do IPCC é a da "presença" cada vez mais certa das ações do homem no clima do planeta. As atividades da nossa espécie, com efeito, influenciam o clima global: do uso dos combustíveis fósseis à derrubada das florestas, da pecuária à poluição do meio ambiente, praticamente tudo que fazemos contribui para modificar o equilíbrio energético do planeta. De acordo com aquilo que está sendo antecipado a respeito do próximo relatório, os pesquisadores aperfeiçoaram seus métodos e suas análises e chegaram à conclusão que, quase seguramente, é o homem o principal culpado pelo aquecimento do planeta. As atividades humanas seriam portanto as principais, e possivelmente as únicas, responsáveis pela mudança climática.

Quase seguramente? Os mais de 800 autores do "grupo de trabalho 1" (Working group I) do IPCC chegaram a dar um número que representa a probabilidade de que a atividade humana seja responsável pelo aquecimento global: 95%. A ciência não pode dar certezas absolutas, mas uma probabilidade assim tão alta significa que os pesquisadores estão praticamente certos de que o aumento das temperaturas médias planetárias seja devido sobretudo à utilização dos combustíveis fósseis e à derrubada das florestas. Embora 95% do aquecimento seja devido ao homem, o 5% restante pode ter outra causa.

Alguns glaciares localizados em importantes cadeias de montanhas, como o da foto, localizado nos Andes bolivianos, estão desaparecendo

Menos certezas

No quinto relatório existem novidades importantes, como os capítulos dedicados às alterações do nível do mar e a fenômenos como El Niño. O trabalho inclui também a correção de alguns erros presentes no relatório precedente: em particular, busca-se esclarecer a sorte dos glaciares do Himalaia, que foram considerados como destinados ao desaparecimento em 2007. Na elaboração do atual relatório os cientistas foram extremamente cautelosos ao delinear como funciona o clima e ao tecer projeções sobre as futuras alterações das temperaturas. Tendo-se certeza de que maiores aumentos ocorrerão, sem dúvida, estuda-se agora como tais aumentos acontecerão e quais serão as suas consequências.

Que tempo fará no nosso quintal?

Apesar do incremento do número de certezas, o atual relatório do IPCC ainda contem, na opinião de alguns analistas, algumas deficiências. Entre elas, uma análise mais precisa das consequências locais da mudança climática. Se as temperaturas realmente subiram com regularidade (apesar daquilo que dizem os negacionistas) a complexidade do sistema climático e meteorológico terrestre não permite saber ainda, com precisão, o que acontecerá em nível local. Ocorrerão mais furacões, mais secas, mais inundações, mais ondas de calor? Onde poderão acontecer esses eventos catastróficos? A mesma ciência que claramente nos adverte sobre o aquecimento global ainda não sabe apontar em quais lugares esse fenômeno irá golpear com maior ou menor intensidade.

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