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Oásis

Música e neurociência. Estímulos musicais ativam o raciocínio lógico e a concentração

A música acompanha a humanidade desde seus primórdios como elemento que envolve e emociona as pessoas. Nos últimos anos, estudos científicos têm mostrado que a musicalização e o aprendizado de um instrumento também podem ajudar na assimilação de conteúdos trabalhados em disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração. A razão disso é a estimulação de regiões do cérebro ativadas especialmente no estudo de matérias como matemática e línguas, que também atuam no processamento e produção de sentido e emoção da música.

A música acompanha a humanidade desde seus primórdios como elemento que envolve e emociona as pessoas. Nos últimos anos, estudos científicos têm mostrado que a musicalização e o aprendizado de um instrumento também podem ajudar na assimilação de conteúdos trabalhados em disciplinas que exigem raciocínio lógico e concentração. A razão disso é a estimulação de regiões do cérebro ativadas especialmente no estudo de matérias como matemática e línguas, que também atuam no processamento e produção de sentido e emoção da música. (Foto: Luis Pellegrini)
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Fonte: Site Terra

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De acordo com Aurilene Guerra, mestre em neuropsicologia e professora de Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a escuta ativa exige o desenvolvimento da capacidade de concentração, além de promover a criatividade por meio da sensibilização do aluno.

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“Na última década, houve uma grande expansão nos conhecimentos das bases neurobiológicas do processamento da música, favorecida pelas novas tecnologias de neuroimagem”, conta Aurilene. Os estudos científicos comprovaram que o cérebro não dispõe de um “centro musical”, mas coloca em atividade uma ampla gama de áreas para interpretar as diferentes alturas, timbres, ritmos e realizar a decodificação métrica, melódico-harmônica e modulação do sistema de prazer e recompensa envolvido na experiência musical.

“O processo mental de sequencialização e espacialização envolve altas funções cerebrais, como na resolução de equações matemáticas avançadas, e que também são utilizadas por músicos na performance de tarefas musicais”, explica Aurilene.

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Aurilene explica que o processamento da música começa com a penetração das vibrações sonoras no ouvido interno, provocando movimentos nas células ciliares que variam de acordo com a frequência das ondas. Os estímulos sonoros seguem pelo nervo auditivo até o lobo temporal, onde se dá a senso-percepção musical: é nesse estágio que são decodificados altura, timbre, contorno e ritmo do som. O lobo temporal conecta-se em circuitos de ida e volta com o hipocampo, uma das áreas ligadas à memória, o cerebelo e a amígdala, áreas que integram o chamado cérebro primitivo e são responsáveis pela regulação motora e emocional, e ainda um pequeno núcleo de massa cinzenta, relacionado à sensação de bem-estar gerada por uma boa música.

 

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“Enquanto as áreas temporais do cérebro são aquelas que recebem e processam os sons, algumas áreas específicas do lobo frontal são responsáveis pela decodificação da estrutura e ordem temporal, isto é, do comportamento musical mais planejado”, acrescenta Aurilene.

Segundo a professora, estudos científicos apontaram uma correspondência significativa entre a instrução musical nos primeiros anos de vida e o desenvolvimento da inteligência espacial, responsável por estabelecer relações entre itens e que favorece as habilidades matemáticas, necessárias ao fazer musical no processo de divisão de ritmos e contagem de tempo.

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Porém, para aproveitar os benefícios da aprendizagem, é necessário que a motivação parta do próprio estudante. Aurilene cita estudos que colocam que as diferenças individuais entre crianças são imensas e não parecem ser reduzidas por meio do treinamento, já que a habilidade musical envolve uma grande predisposição genética. Mesmo que nem todos os alunos estejam destinados a se tornar profissionais, o processo de interpretação musical desenvolve em certo nível a coordenação motora, concentração e raciocínio lógico, além de ser uma atividade que proporciona bem-estar, otimizando a fixação de conteúdos.

“No contexto escolar, a música tem a finalidade de ampliar e facilitar a aprendizagem do aluno”, diz Aurilene. “Ela favorece muito o desenvolvimento cognitivo e sensitivo, envolvendo o aluno de tal forma que ele realmente cristalize na memória uma situação.”

Os benefícios na prática 

O reconhecimento da importância do estudo da música para o desenvolvimento e formação pessoal dos alunos já foi formalizado pelo governo em 2008, com a sanção da Lei nº 11.769. A medida torna obrigatório, mas não exclusivo, o ensino da música na educação básica – o que significa que a atividade pode ser integrada a disciplinas como artes, sem constituir uma matéria específica. Isso contribuiu para o veto do artigo que determinava que as aulas fossem ministradas por profissionais da área, alegando-se ainda que muitos músicos em atividade no país não tinham formação especializada para exercer a profissão.

 

 

Questões como a concepção de música como conteúdo, em vez de disciplina, e a falta de profissionais capacitados para o ensino da atividade devem entrar na pauta de discussões do Conselho Nacional de Educação (CNE). Por fim, a lei estabelecia um limite de três anos letivos para que as instituições de ensino implantassem a atividade na grade curricular.

Com o encerramento do prazo em 2011, ainda não existem dados estatísticos sobre a implantação da atividade nas escolas, mas o Ministério da Educação pretende desenvolver uma pesquisa para levantar experiências que tiveram sucesso e possam ser replicadas. Um dos exemplos bem-sucedidos que ampliou suas atividades com o advento da lei é o projeto Música nas Escolas, desenvolvido desde 2003 em Barra Mansa, região sul do Rio de Janeiro.

A iniciativa atua em escolas da rede municipal desde a educação infantil até o nono ano do ensino fundamental e é mantida por recursos da Secretaria Municipal de Educação, recebendo apoio de empresas privadas como a Light e a Votorantim. A ideia surgiu como uma tentativa de reestruturar as atividades de iniciação musical já existentes em colégios e creches do município, cuja oferta era limitada e pouco qualificada. Atualmente, o projeto atende 22 mil jovens e dispõe de uma orquestra sinfônica que já trabalhou com renomados solistas nacionais e estrangeiros.

Música no currículo escolar

Vantoil de Souza, coordenador do Música nas Escolas e diretor artístico da orquestra sinfônica conta que o projeto oferece atividades obrigatórias e optativas aos estudantes. O trabalho de musicalização realizado em classe por monitores qualificados inclui matérias como percepção musical, desenvolvimento rítmico e prática de canto e canto coral; a partir da 6ª série, as aulas são inseridas na disciplina de Educação Artística.

Como atividade facultativa, está a prática instrumental, cujas aulas são ministradas nas escolas que servem como polos musicais e abrigam os instrumentos que compõem a orquestra. “Embora a lei não determine a prática instrumental, ela é necessária para que o aprendizado teórico se verifique na prática”, diz Souza.

 

 

O maestro ressalta que a aprendizagem teórica isolada não provoca o desenvolvimento do raciocínio lógico e da sensibilidade atribuída ao estudo da música. “Sem a prática, o conhecimento do aluno fica privado de tudo o que é desenvolvido em contato com a acústica, sonoridades e interpretação das obras, além dele não receber a carga emocional que norteia a música enquanto prática”, observa Souza.

No entanto, tanto a lei quanto o projeto não visam a transformar os estudantes em músicos à força, mas oferecer a oportunidade de especialização àqueles que se interessarem pela prática, podendo inclusive facilitar o ingresso em cursos de graduação na área por meio de um convênio com a universidade local. “A obrigatoriedade implementada pela lei diz respeito aquele conteúdo que pode ser aproveitado por qualquer aluno, pois a música é parte do cotidiano das pessoas. Não se pode obrigar ninguém a tocar um instrumento, isso já é uma questão vocacional”, completa Souza.

O acompanhamento dos alunos participantes do projeto verificou de fato o desenvolvimento do raciocínio lógico e da capacidade de concentração, o que pode atuar como um grande ganho no aprendizado de outras disciplinas. Souza acrescenta que houve redução no índice de reprovações, e diz que o sistema de prática instrumental, realizado no turno contrário, também promove indiretamente um benefício social. “O aluno passa a ter praticamente educação em período integral. Depois do horário de aula, ele volta para o colégio ou vai para algum dos polos participar de ensaios. Como 87% do nosso atendimento é feito em escolas da periferia, isso o afasta de problemas sociais que ele poderia ser exposto”, explica o maestro.

 

MÚSICA E A MENTE. COMO TOCAR UM INSTRUMENTO BENEFICIA O SEU CÉREBRO

Vídeo: TEDEd

Por: Anita Collins. Narração: Addison Anderson. Animação: Sharon Colman Graham www.sharoncolman.com

Quando você ouve música, múltiplas áreas do seu cérebro tornam-se engajadas e ativas. Mas no momento em que você toca um instrumento, essa atividade se torna um espetáculo de energias radiantes que se entrelaçam e percorrem o cérebro e o corpo inteiro. O que estará acontecendo? No vídeo, Anita Collins explica o festival de fogos de artifício que acontece no seu corpo e na sua mente quando você toca, e examina alguns dos efeitos positivos a longo prazo que esse fenômeno acarreta.


 
 

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