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Oásis

O Nobel da estupidez. Prêmio Darwin, onde quase todos os premiados são homens

Desde 1991, um prêmio póstumo é oferecido às melhores histórias de pessoas que morreram por causa de seus atos idiotas. Estudo mostra que quase 90% dos premiados são homens. Uma prova de que, em matéria de comportamento estúpido, os machos são imbatíveis?

Desde 1991, um prêmio póstumo é oferecido às melhores histórias de pessoas que morreram por causa de seus atos idiotas. Estudo mostra que quase 90% dos premiados são homens. Uma prova de que, em matéria de comportamento estúpido, os machos são imbatíveis? (Foto: Gisele Federicce)
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Por: Luis Pellegrini

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No final da tarde de domingo, 2 de março 2014, a estação ferroviária Intercity de Roterdam, na Holanda, estava lotada. Centenas de torcedores voltavam para suas casas após uma partida de futebol entre os clubes Feyenoord e Ajax, recém terminada no De Kuip, o mais bonito estádio do país.

Foi então que dois amigos torcedores decidiram testar sua coragem. Desceram da plataforma para os trilhos, poucos segundos antes da passagem de um trem. Um deles deitou-se entre os trilhos, certo de que o comboio passaria inteiro sobre ele, deixando-o incólume. O outro, menos confiante, simplesmente se ajoelhou ao lado de um trilho e colocou sua cabeça o mais próximo possível do ponto em que, achava ele, o trem iria passar.

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Segundos depois, passa o trem, a 130 quilômetros por hora. Ele era, infelizmente, mais baixo e mais largo do que os dois amigos tinham pensado. Ambos viraram picadinho no mesmo instante. Além de morrer, ofereceram um espetáculo de puro horror aos demais que estavam na estação. Atrasaram o tráfego ferroviário durante várias horas, e deram um trabalhão para o pessoal da limpeza, encarregado de repor ordem no pedaço.

Até o momento, entre as centenas de histórias verídicas que concorrem ao Prêmio Darwin 2014, essa triste aventura dos dois torcedores holandeses tem sido a mais votada. Eles serão, provavelmente, os sucessores do jornalista inglês Lee Halpin, de Newcastle, Inglaterra, vencedor do prêmio em 2013.

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O rigor do inverno

Halpin, jornalista iniciante, queria apurar como viviam os moradores de rua castigados pelo inverno, e achou que para descobrir isso teria que viver como um sem-teto e passar pelas mesmas provações que eles. “Eu vou dormir em condições duras, ralar pra arrumar comida, interagir com tantos sem-teto quanto eu puder e mergulhar profundamente no estilo de vida deles”, dizia a mensagem que Halpin postou em suas redes sociais.

Três dias depois disso, ele descobriu a verdade sobre como vivem os sem-teto durante os rigores do inverno: eles não vivem – eles morrem. O corpo congelado de Halpin foi encontrado em um albergue vagabundo e, embora a autópsia tenha sido inconclusiva, o mais provável é que ele tenha morrido de hipotermia. Por isso, o Darwin Awards concedeu o prêmio da edição 2013 a Halpin, o mais votado durante todo o ano, sob o título de “O picolé humano de Newcastle”.

 

  

O Prêmio Darwin – cujo nome provém de Charles Darwin, o criador da teoria da evolução – é uma honraria concedida de forma simbólica àqueles que cometeram erros absurdos ou se descuidaram de modo idiota pondo fim à própria vida. Irônico, o prêmio se baseia no pressuposto de que tais indivíduos, ao se auto-destruírem de modo estúpido, eliminam os seus “maus genes” e assim sendo contribuem para a melhoria do pool genético da humanidade.

Esses prêmios começaram a ser atribuídos a partir de 1991, sobretudo por iniciativa da jornalista e escritora norte-americana Wendy Northcutt, criadora do site www.darwinawards.com Mas antes dela, prêmios análogos foram distribuídos a indivíduos que preencheram os critérios anteriormente. O caso mais antigo remonta a 1874, quando um aluno de uma universidade decidiu se fantasiar de vampiro para uma festa. Realista ao extremo, e para fingir que havia sido ferido por algum caçador de vampiros, tentou prender uma estaca de madeira ao peito. Mas a ponta da estaca acabou perfurando-o, atravessando o seu coração e provocando morte imediata.

 

 

Wendy Northcutt estabeleceu cinco condições que têm de ser observadas para que um Prêmio Darwin possa ser atribuído: 1. Incapacidade de gerar descendência - através da própria morte ou esterilização. 2. Excelência - forma sensacional e estúpida com que comete o erro. Incrível desuso da lógica e da razão. 3. Auto-seleção - Causa o desastre por si mesmo; com mérito incondicionalmente individual. 4. Maturidade - O indivíduo deve estar em total uso das suas capacidades mentais e físicas. Deve possuir capacidade de julgamento e raciocínio. 5. Veracidade - O evento tem de ser verificavel. Excluem-se as "lendas urbanas".

 

 

O que é o comportamento idiota

Wendy Northcutt diz que seu objetivo ao criar o site e o prêmio era simplesmente divertir e instruir o leitor com séries anuais de histórias curiosas exemplares. Ela nunca imaginou que o conteúdo dos relatos acumulados ao longo dos anos pudesse um dia ser objeto de estudos científicos sistemáticos. Pois foi exatamente isso que aconteceu. A revista British Medical Journal acaba de publicar, em seu número de Natal, os primeiros resultados de uma pesquisa que investigou o banco de histórias do Prêmio Darwin para tentar definir o que é o “comportamento idiota”.

 

 

Segundo esse estudo, idiotas seriam “aqueles comportamentos totalmente destituídos de sentido, cujos benefícios aparentes são mínimos ou inexistentes, e cujo resultado costuma ser extremamente negativo e muitas vezes fatal”. Pois bem: o estudo revela também que, quanto aos comportamentos que implicam em tais riscos, tudo leva a crer que os machos da espécie humana sejam os campeões em absoluto. Quase 90% das idiotices fatais são cometidas por... homens!

Observações esporádicas da vida quotidiana já indicavam que os homens são muito mais propensos que as mulheres a cometer atos realmente estúpidos. Mas agora essa tese empírica é confirmada por um estudo baseado na análise científica sistemática.

 

 

Exemplos de atos estúpidos fatais cometidos por homens encheriam elencos maiores que listas telefônicas. Entre os candidatos e os vencedores do Prêmio Darwin no passado estão o do homem que disparou uma arma contra a própria cabeça para provar a um amigo que ela estava carregada; o do terrorista que expediu uma carta-bomba com insuficiência de selos e que abriu o envelope quando ele voltou (sim, ele tinha escrito o seu nome e endereço como remetente!); o do indivíduo que, para não pagar o bilhete, morreu depois de ter enganchado o carrinho de compras de um supermercado na traseira de um trem (ele estava dentro do carrinho, junto com as compras...)

 

 

Antes de conferir o prêmio, e até mesmo antes de publicar uma história, os organizadores do prêmio verificam atentamente se ele é verídico e se ele realmente foi concluído com a morte da pessoa. Se ela sobrevive, o prêmio não lhe pode ser conferido, pois os seus genes continuam a fazer parte do pool da espécie humana, com possibilidade de serem transferidos. Até hoje, os resultados mostram que: dos 318 casos premiados, 282 são de homens e apenas 36 foram conferidos a mulheres. Quase 88,7%, portanto, são do sexo masculino, o que leva à conclusão que, em matéria e comportamentos estúpidos, existe uma enorme diferença entre os sexos.

 

 

Haverá um fundo de verdade?

Alguns leitores acharão que tanto o Prêmio Darwin quanto o estudo feito a respeito do seu conteúdo são iniciativas de péssimo gosto e, no limite, de humor negro. Têm razão. A própria British Medical Journal – revista científica muito séria – concorda, e só a publicou como um artigo natalino bem-humorado. Mas... o site do prêmio pretende ser sério, e as pesquisas sobre seus conteúdos foram feitas com rigor científico. Como não reconhecer nesses resultados algum fundo de verdade?

 

 

Para quem gosta, aqui vai uma pequena coletânea das melhores estórias do Prêmio Darwin:

- Num hospital inglês, um paciente fazia um tratamento de pele com um creme à base de parafina. Foi avisado pelo médico que o creme era inflamável. Como era fumante, e no hospital era proibido fumar, resolveu dar uma escapada. Acendeu um cigarro e sentiu-se aliviado. Ao terminar, jogou o cigarro no chão e pisou nele. Acontece que a parafina estava lá, e além disso, havia impregnado suas roupas. Em poucos segundos o fumante tornou-se uma tocha humana. Não resistiu.

- Nos Estados Unidos, um casal de namorados resolveu brincar no interior de um balão de gás hélio desinflado. A voz da pessoa que respira hélio fica aguda, e eles se divertiam com isso. Porém devem ter faltado à aula sobre a importância do oxigênio. A perda de consciência é rápida quando se respira hélio na falta de oxigênio. Dentro do balão, os namorados ficaram juntos para todo o sempre...

 

 

- Tem brasileiro na parada: numa oficina de automóveis, um homem resolveu desarmar uma granada passando com o carro por cima dela, e dando marcha-a-ré. Não conseguiu. Então resolveu bater na granada com uma marreta. O esperado (não por ele) aconteceu na segunda marretada... E ele ainda levou para os ares mais seis carros e a oficina inteira. Pior fez um croata que tentou abrir uma granada com uma serra elétrica e teve o mesmo desfecho.

- Em Belize, na América Central, um rapaz de 26 anos, inspirado em Benjamin Franklin, resolveu empinar papagaio com fio de cobre. Quando o fio tocou um cabo de alta tensão, uma descarga elétrica pulverizou nosso amigo. O pai do rapaz disse que ele era eletricista...

 

 

- Um austríaco que trabalhava num compactador de lixo colocou algumas caixas de papelão na prensa hidráulica e resolveu dar uma ajudinha, empurrando as caixas com o pé, com a prensa armada. A prensa, fazendo o seu trabalho, levou não só as caixas, como pegou o pé e tragou nosso pobre amigo para dentro dela.

- Em Cingapura, um estudante, curtindo o seu rock and roll e pulando e se sacudindo na cama e contra as paredes, não percebeu que a janela estava aberta. Num momento de empolgação, se lançou contra ela e caiu no vácuo. A lei da gravidade fez o resto.

 

 

- Uma toupeira, animalzinho tímido, venceu a guerra contra um homem na Alemanha. Tentando tornar o solo inabitável para o bicho, o homem enterrou barras de ferro no chão e conectou a elas corrente elétrica de alta tensão. Foi encontrado morto ali mesmo. Na ânsia de acabar com a toupeira, acabou eletrificando o próprio chão onde pisava. A polícia teve que cortar a energia antes de entrar na casa.

- Em Seattle, nos EUA, dois bêbados resolveram travar uma competição de força e resistência. Ficariam pendurados pelos braços em um viaduto sobre uma via expressa. Quem resistisse pendurado mais tempo levava o prêmio. Apesar da ajuda do amigo, o vencedor não teve força suficiente para se erguer, e acabou caindo em frente a um caminhão que passava em alta velocidade.

 

 

- Os elefantes são animais temperamentais. Foi o que descobriu um tailandês de 50 anos, que resolveu brincar com o animal, que estava acorrentado. Pegou um pedaço de cana de açúcar e ofereceu ao elefante. Mas quando o animal ia pegar, o homem o retirava. Ficou nessa brincadeira por um bom tempo. Chegou o momento em que o pobre animal se enfureceu: numa das retiradas, cravou suas presas no estômago do homem, matando-o.

- Um operário malaio, espantado com a queima de fogos no Ano Novo lunar, notou que alguns dos fogos eram na verdade foguetes, que iam a grandes alturas. Curioso, resolveu ver o tubo de lançamento mais de perto, aliás, tão perto que ele entrou no tubo. O foguete disparou, levando  nosso amigo para bem longe, na eternidade.

 

 

- Um surfista americano, cansado, e com uma bela noite de lua cheia na praia, perturbando seu sono, resolveu dormir no lugar mais escuro possível, embaixo de sua picape estacionada na praia. Foi encontrado morto no dia seguinte, afogado. A explicação: a subida da maré acabou amolecendo a areia abaixo da picape, e esta afundou, prendendo o surfista, não o deixando escapar enquanto a maré subia.

- Pelo amor de uma garota, dois jovens taiwaneses resolveram entrar em uma contenda à moda antiga. Iriam dirigir suas motos em alta velocidade, um em direção ao outro, e aquele que não desviasse teria o direito de cortejar a amada. Nenhum desviou, e ambos morreram na hora com o impacto. A garota? Declarou que não estava interessada em nenhum deles.

- Um austríaco, bêbado e drogado, chegou em casa e resolveu entrar pela janela da cozinha, que tinha uma pequena brecha. Conseguiu passar o corpo e a cabeça, chegou até a pia, porém ali ficou entalado. Tentando se livrar, ligou a água quente, e a pia estava com o plug. Morreu afogado com a cabeça dentro da pia. A polícia atribuiu o fato ao estado do homem. Ele poderia ter simplesmente desligado a torneira, tirado o plug, ou melhor ainda, entrado pela porta. A chave estava em seu bolso.

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