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Penha: comandante do Bope diz que operação mais letal do Rio no ano foi bem-sucedida

O suposto motivo da operação que levou à matança na favela Vila Cruzeiro, a captura de Chico Bento, não ocorreu

Penha: comandante do Bope diz que operação mais letal do Rio no ano foi bem-sucedida (Foto: Governo do Estado do Rio de Janeiro/Marino Azevedo/Divulgação)

247 - O comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro classificou como bem-sucedida a operação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que deixou oito mortos nesta sexta-feira, 11, na favela Vila Cruzeiro, Complexo da Penha, no Rio. A avaliação é a mesma que a do chefe da comunicação da PRF.

A operação, que começou 4h30 da manhã, foi a mais letal no Grande Rio do ano e tinha como objetivo cumprir ao menos um mandado de prisão contra Adriano de Souza Freitas, conhecido como Chico Bento, apontado como chefe do tráfico do Jacarezinho, que está foragido. A PM do Rio informou não ter a identificação dos oito homens mortos. A entidade ainda declarou que foram apreendidos sete fuzis, um simulacro de fuzil, quatro pistolas, 14 granadas, veículos roubados e grande quantidade de drogas.

"A operação foi bem-sucedida. A gente lamenta a morte de oito pessoas, que poderiam ter sido presas, mas não acataram a ordem da polícia e resistiram à nossa ação. Se eles fossem presos, seria 100% [bem-sucedida], aliás, 99% porque faltou a prisão do Chico Bento", disse o tenente-coronel Uirá do Nascimento Ferreira, do Bope, à Folha de S.Paulo.

O suposto motivo da operação que levou à matança, a captura de Chico Bento, seria, então, pelas palavras do tenente-coronel, apenas 1% do objetivo.

"A ação de hoje foi exitosa uma vez que, mesmo o principal alvo não tendo sido localizado, conseguimos recuperar um poderio bélico muito grande, um arsenal que é usado contra a própria população e contra o Estado. […] Não entramos com o intuito de matar, de ter efeito colateral", afirmou o agente Marcos Aguiar, da PRF.

Os policiais não souberam dizer qual era o número total de mandados de prisão objetivo da grande operação.

A operação desta sexta na Penha também ocorreu a despeito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, garantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ADPF prevê que as policias justifiquem a excepcionalidade para realização de uma operação policial em uma favela no Rio durante o estado de pandemia. 

Segundo o Ministério Público, a justificativa enviada pela PM foi de que, "a operação é excepcionalmente necessária para capturar líderes de uma organização criminosa que estão abrigados no Complexo da Penha, comandando de lá diversas práticas criminosas, inclusive em outras comunidades".

Na semana passada, a Corte determinou que o governador Cláudio Castro (PSC) adotasse medidas para reduzir a letalidade de ações policiais em comunidades do estado. Os ministros também deram prazo de 90 dias para apresentação do plano.

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