Viúva de policial morto defende continuidade de operações no Rio
Jéssica Araújo afirma que operações como a que matou o marido são essenciais para conter a violência e proteger a população
247 - Jéssica Araújo, de 34 anos, viúva do Sargento Heber Carvalho, do Bope, morto durante a operação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro, defendeu a continuidade de operações de tipo. Em entrevista ao UOL, Jéssica afirmou que ações de extrema letalidade são a forma mais efetiva de combater o crime no estado e proteger a população.
"Quanto menos operações, mais o tráfico vai crescer no Rio e mais a violência vai crescer. Não dá para fechar os olhos", declarou a viúva, que acredita que ações policiais como a da semana passada podem impedir que criminosos de outros estados se estabeleçam na cidade. Entre as 117 vítimas civis da operação, pelo menos 39 eram de outros estados. "Falo em nome da população de bem. Não dá para fechar os olhos para isso e achar que é normal. É normal a gente ter medo de sair na rua?", questiona.
Com emoção, Jéssica reforçou: "Eu, como esposa de policial, viúva hoje, digo com total certeza que eles [policiais] têm que continuar. Eles não podem parar. Tem que continuar operando. Infelizmente, a vida do meu marido acabou, mas existe muita gente do bem que está cansada de violência."
Colegas de Heber relatam que ele morreu tentando resgatar um amigo baleado. "O que me deu força para falar hoje [com a reportagem] é mostrar, de fato, quem era ele. Não era apenas mais um número. Porque vem acontecendo diversas vezes, em várias situações, de policiais vindo a óbito. E atrás de cada farda daquela ali, existe uma história, existe uma família", afirmou a viúva. Heber deixou uma filha de 12 anos e um filho de 15.
O policial foi velado na sede do Batalhão de Operações Especiais, na zona sul, junto ao colega Cleiton Serafim Fonseca, de 42 anos. O enterro ocorreu no bairro de Sulacap, zona oeste, em cortejo acompanhado por viaturas da PM e veículos das Forças Armadas, em homenagem à carreira militar de Heber como fuzileiro naval.
Segundo dados oficiais, dos 117 mortos na operação, 109 já foram identificados até a tarde de sábado. Trinta e nove eram de outros estados, como Pará, Amazonas, Goiás e Ceará. Entre os suspeitos mortos, 43 possuíam mandados de prisão pendentes, e 78 tinham histórico criminal relevante. Ao menos 30 não tinham passagem pela polícia, descritos pelo governo como "pessoas que passavam despercebidas da atuação da polícia".



