Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Em Moscou, editor-executivo do Brasil 247 propõe novo ecossistema digital e midiático anti-hegemônico

Leonardo Sobreira participou da XVII Assembleia do Mundo Russo na capital russa

XVII Assembleia do Mundo Russo, em Moscou, Rússia (Foto: Arquivo pessoal)

247 – O editor-executivo do Brasil 247, Leonardo Sobreira, participou, na última semana, da XVII Assembleia do Mundo Russo, realizada em Moscou, capital da Rússia. Durante os painéis do evento, que reuniram líderes de mídia de todo o Sul Global, um foco especial foi dedicado ao papel da comunicação não apenas na divulgação das conquistas históricas da Rússia, mas também nas estratégias para romper o bloqueio algorítmico imposto pelas grandes plataformas de comunicação e redes sociais do Ocidente a vozes alternativas.

No painel dedicado à mídia, Sobreira defendeu que os países do Sul Global unam esforços para criar um novo ecossistema digital comum, onde suas histórias — refletindo os aspectos positivos de cada nação — possam ser divulgadas livres da interferência externa.

“Devemos trabalhar juntos cada vez mais. Nossos veículos podem criar iniciativas jornalísticas conjuntas, plataformas digitais compartilhadas e produções colaborativas que destaquem nossas perspectivas. São histórias que o mundo precisa ouvir — histórias de desenvolvimento, de resiliência, de inovação — narrativas que raramente aparecem nos grandes meios de comunicação ocidentais. Cooperação também significa fortalecer nossas redes de mídia. Intercâmbio de repórteres, equipes editoriais conjuntas, estratégias de distribuição multilíngue e conferências como esta são passos práticos nesse sentido. Já cooperamos nas áreas de finanças, comércio e diplomacia — por que não na comunicação, o campo que define como o mundo nos percebe?”, afirmou.

Nesse sentido, o diretor-gerente da Agência de Notícias da Nigéria, Ali Mohammed Ali, defendeu o que chamou de “cooperação horizontal” entre as mídias dos países do BRICS. Ele criticou a baixa penetração de histórias sobre o continente africano nos veículos ocidentais e destacou o papel da sociedade nigeriana em causas históricas, como a luta contra o apartheid na África do Sul. 

“O desequilíbrio perpetua a dependência. Isso acontece, em particular, no caso do continente africano, causando uma injustiça epistêmica que devemos combater”, ponderou, ao defender a criação de novas plataformas de mídia voltadas à divulgação de histórias positivas sobre os países do Sul Global, a exemplo da TV BRICS.

Durante sua intervenção, Citlalmina Piña, editora-chefe do Canal 6 TV, do México, destacou que o veículo é um dos poucos meios de comunicação mexicanos que cobrem de forma objetiva a situação na Rússia.

“Damos voz à Rússia e à China como países que podem apoiar um mundo multipolar — algo necessário para que nossos povos busquem seu próprio caminho para o desenvolvimento. Explicamos isso aos nossos telespectadores e leitores no México, ajudando-os a compreender o complexo cenário nacional e internacional que enfrentamos”, afirmou.

O documento final aprovado pelos participantes destacou o compromisso em “investir na infraestrutura digital para superar as divisões tecnológicas, com foco nos países em desenvolvimento”. O texto também defende “a criação e o apoio a redes de mídia alternativa para fornecer informação objetiva e combater a prevalência de opiniões tendenciosas”, além de “usar as novas mídias para fortalecer as uniões nacionais, especialmente em situações de crise”.

O evento contou com o apoio da Fundação Russkiy Mir e da TV BRICS, que expressaram disposição em oferecer recursos sobre o idioma e a história russa, e mais amplamente, por meio de suas plataformas multilíngue. 

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