Nathalia Urban por Milenna Saraiva

Esta seção é dedicada à memória da jornalista Nathalia Urban, internacionalista e pioneira do Sul Global

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Programa sociocultural do BRICS fortalece intercâmbio estratégico no Brasil

Evento no Rio e em São Paulo celebra marcos históricos e amplia cooperação cultural, acadêmica e empresarial entre os países do BRICS

Programa sociocultural do BRICS fortalece intercâmbio estratégico no Brasil (Foto: Mídia chinesa)

247 - Promover o diálogo cultural, acadêmico e estratégico entre os países do BRICS foi o principal objetivo da etapa brasileira do programa “Os povos do BRICS escolhem a vida”, realizado em outubro nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. A iniciativa, de caráter sociocultural e inter-regional, busca aproximar povos por meio de projetos conjuntos em áreas como cultura, educação, saúde e cooperação empresarial.

Segundo a Revista Intertelas, que acompanhou o encontro no auditório da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o programa é coordenado pela organização russa BRICS: Mundo das Tradições e contou com apoio de instituições brasileiras, além de consulados e agências diplomáticas. O evento reuniu estudantes, pesquisadores, representantes universitários e autoridades diplomáticas do Brasil e da Rússia.

Encontro marcado por homenagens históricas

A etapa brasileira prestou tributo a importantes datas, como o centenário da Diplomacia Pública Russa, o bicentenário da primeira expedição científica russa ao Brasil e os 180 anos do nascimento do Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. Também celebrou os 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial.

Entre os projetos apresentados, destacaram-se “Os Grandes Mestres/Professores do BRICS”, voltado à valorização de figuras históricas como Gandhi, Mandela, Tolstói, Confúcio e o Barão do Rio Branco, e o projeto social “Abra seu coração à bondade”, que promove concursos infantis internacionais sobre valores humanistas.

Diplomacia e juventude no centro da programação

Na abertura, a presidente da BRICS: Mundo das Tradições, Liudmila L. Sekatcheva, reforçou a importância do protagonismo jovem: “Eu sempre acreditei que a juventude trabalha e se empenha em mudar o mundo para melhor”.

Ela também lembrou de quando esteve na UFRJ em 2018 para plantar a “árvore dos mestres/professores do BRICS”, símbolo de união entre os povos.

O embaixador do Brasil na Rússia, Sérgio Rodrigues dos Santos, destacou que os ideais de paz defendidos pelo Barão do Rio Branco continuam atuais: “Uma figura emblemática na defesa da resolução pacífica de conflitos e da diplomacia como meio para a promoção da paz”.

Cultura, memória e cooperação acadêmica

Outro momento de destaque foi a exposição digital “Expedição Langsdorff: Diante dos seus olhos”, que revisitou a jornada científica russa pelo interior do Brasil entre 1824 e 1829. Também foi lançada a coletânea trilíngue Brasil: preservação histórica sobre a Grande Guerra Patriótica, escrita por autores brasileiros e traduzida por estudantes da Kazan Innovative University.

Durante a cerimônia, foram assinados memorandos de cooperação acadêmica entre a UFRJ e instituições russas, ampliando o intercâmbio de pesquisas e projetos educacionais.

BRICS como alternativa global

O cônsul geral da Rússia no Rio de Janeiro, Andrei Petrov, ressaltou a relevância do grupo no cenário internacional: “A segurança deve ser comum, para todos. Essa lógica é base da união do BRICS”.

Já o vice-ministro russo Serguei A. Riabkov reforçou que a diversidade cultural é a principal força da aliança: “É nesta diversidade que reside a nossa força, abrindo horizontes para uma cooperação que amplia o potencial econômico e social”.

Hino da amizade e legado cultural

O evento também marcou a apresentação do “Hino dos Povos do BRICS”, criado por estudantes de oito países, que foi cantado no Rio com bandeiras simbolizando amizade, confiança e amor. Além disso, obras literárias e históricas foram lançadas em homenagem à memória da Segunda Guerra Mundial, reafirmando o papel dos países do BRICS contra o fascismo.

Para Ricardo Quiroga Vinhas, um dos autores da coletânea A Grande Guerra Patriótica dos Soviéticos, preservar essa memória é um dever histórico: “É sempre importante que as novas gerações saibam do papel que os membros fundadores dos BRICS cumpriram na Segunda Guerra Mundial em defesa da humanidade”.

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