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Ao relatar conversa ‘cordial e respeitosa’ com Trump, Maduro reforça apelo por diplomacia

Presidente venezuelano relata ligação de dez dias atrás e destaca defesa do diálogo em meio a tensões com os Estados Unidos

Donald Trump e Nicolás Maduro (Foto: Manaure Quintero/Reuters I Piroschka Van De Wouw/Reuters)

247 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, revelou novos detalhes sobre a conversa telefônica mantida com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação foi divulgada durante agenda oficial em Petare, em meio a pronunciamentos sobre segurança, soberania e política externa.

Segundo relato publicado pela Telesur, a conversa foi “respeitosa e cordial”. 

Maduro afirmou que o telefonema, direcionado ao Palácio de Miraflores, ocorreu em um contexto de tensões crescentes, marcado pelo deslocamento de unidades militares norte-americanas próximas ao litoral venezuelano. No discurso, ele reforçou que a Venezuela mantém sua aposta no caminho diplomático e na prudência nas relações internacionais — postura que, segundo disse, deriva de sua formação como chanceler e da orientação do ex-presidente Hugo Chávez.

Quando há coisas importantes, elas devem ser feitas discretamente. Até que aconteçam”, afirmou o presidente, ao defender a necessidade de conduzir negociações sensíveis com cautela. Maduro acrescentou que, se a conversa representar um avanço rumo a um diálogo respeitoso entre Caracas e Washington, a diplomacia será recebida como positiva.Ainda segundo a Telesur, o presidente venezuelano declarou que o povo dos Estados Unidos está “cansado de guerras intermináveis”, citando conflitos como Vietnã, Iraque, Afeganistão e Líbia, que, em sua avaliação, deixaram marcas profundas no imaginário coletivo norte-americano.

O discurso avançou então para reflexões históricas, quando Maduro evocou o chamado “Exército Unido Libertador do século XXI”, relacionando a defesa da soberania atual com a resistência protagonizada durante a emancipação sul-americana. Ele mencionou a carta em que o general espanhol Pablo Morillo alertava o rei da Espanha sobre a determinação dos venezuelanos..

Segundo o presidente, “não só não puderam nos reduzir, como os expulsamos de toda a América do Sul em união com nossos irmãos colombianos, panamenhos, equatorianos, peruanos, argentinos, uruguaios, chilenos, bolivianos”, ao destacar o caráter coletivo da independência latino-americana.Maduro também ressaltou o legado de Simón Bolívar, apresentado como “um gênio da união, de vencer a intriga, o divisionismo”, lembrando que o Libertador chegou a comandar sete corpos de exército simultaneamente, “sem WhatsApp, sem telefone, sem satélite”, conforme frisou ao se dirigir ao ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. Ele adicionou que, apesar das dificuldades, Bolívar conseguiu derrotar milhares de homens melhor armados que nós” enviados pela coroa espanhola.O presidente concluiu afirmando que, assim como no passado os colonizadores não conseguiram vencer a resistência popular, “nem jamais poderão com os venezuelanos”, relacionando a frase ao atual cenário internacional que, segundo ele, coloca o país sob ameaça.

As declarações foram feitas enquanto Maduro acompanhava o andamento da Rota de Consolidação do Sistema de Governo Comunal e Popular, no Bairro San Blas de Petare, no estado Miranda, reforçando o vínculo entre discurso histórico, defesa da soberania e ações de governo em comunidades populares.

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