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Condenação às ameaças dos EUA à Venezuela é uma das marcas da Cúpula Popular do BRICS

Movimentos sociais e juristas condenam ações militares dos EUA no Caribe e defendem soberania da Venezuela durante encontro no Rio

O editor internacional do Brasil 247, José Reinaldo Carvalho, discursa na Cúpula Popular do Brics, no Rio de Janeiro-RJ, em 1 de dezembro de 2025 (Foto: Cebrapaz)

247 - A Cúpula Popular do BRICS, inaugurada no Rio de Janeiro na última segunda-feira (1), foi marcada por fortes críticas às recentes ameaças dos Estados Unidos contra a Venezuela. O evento reuniu representantes de movimentos sociais, acadêmicos e organizações civis dos 11 países que integram o bloco.

Líderes de movimentos sociais manifestaram ampla solidariedade ao povo venezuelano diante da escalada militar norte-americana no Caribe. Delegações de várias regiões do Sul Global repudiaram medidas coercitivas e ações bélicas consideradas violadoras do direito internacional.

A sul-africana Margret Molefe, vice-presidente executiva da Associação Sul-Africana da Juventude, enfatizou o posicionamento conjunto do encontro. “O Sul Global se solidariza com o povo da Venezuela”, afirmou, segundo registro do correspondente Andrés Vieira em sua conta na plataforma X. A dirigente alertou para a preocupação crescente com as iniciativas anunciadas por Washington.Da delegação cubana, María del Carmen criticou o envio de tropas e embarcações militares ao Caribe. “Enquanto o governo dos Estados Unidos está enviando navios e tropas para o Caribe, uma operação desproporcional sob o pretexto de combater o terrorismo, neste evento estamos construindo unidade e multilateralismo”, declarou.

A jurista brasileira Carol Proner, integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, foi ainda mais enfática ao avaliar as ações norte-americanas. “São verdadeiros assassinatos”, disse, classificado os ataques militares na região. Para ela, os EUA “agem com ameaças como se fossem a polícia global”, impondo riscos graves à estabilidade regional.

Para Proner, o conflito ultrapassa fronteiras diplomáticas e impõe desafios diretos aos países vizinhos, como o Brasil. Ela lembrou que os dois países compartilham mais de 2 mil quilômetros de fronteira e mantêm “uma aliança pela democracia, uma relação social e popular de grande respeito e apoio”. A jurista reforçou a necessidade de vigilância. “Devemos ter muita cautela, pois há um precedente em jogo, bem como uma longa relação de cooperação humanitária que está em risco”, concluiu. 

José Reinaldo Carvalho, editor internacional do Brasil 247 e presidente do Cebrapaz (Centro oBrasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), expressou solidariedade plena e irrestrita à Venezuela e condenou a política belicista do imperialismo estadunidense.

O jornalista defendeu também a necessidade de estabelecer a nova governança global: "O mundo observa o Brics com expectativa. E nós sabemos que esta expectativa precisa ser respondida com ousadia, com generosidade e com protagonismo popular. A nova governança global, pela qual tantos lutam e sonham, não será entregue de cima para baixo: ela será construída coletivamente, passo a passo, com a participação consciente e organizada dos povos do Sul Global e de todos os povos comprometidos com a justiça e com a paz."

A Cúpula dos Povos do BRICS tem como objetivo fortalecer o papel da sociedade civil na construção de agendas comuns, defendendo o multilateralismo, a multipolaridade e a redução da dependência do dólar em transações internacionais. O encontro é a última grande atividade do bloco sob presidência brasileira, antes de a Índia assumir a coordenação em 2026.

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