HOME > América Latina

Após porta-aviões, Trump envia "tanque-voador" ao Caribe, em nova escalada militar

AC-130J Ghostrider, avaliado em R$ 870 milhões, amplia tensão entre Estados Unidos e Venezuela

AC-130J Ghostrider na pista norte-americana reativada em Porto Rico (Foto: Reuters)

247 - A recente movimentação militar dos Estados Unidos no Caribe, sob a administração do presidente Donald Trump, ganhou um novo símbolo de poder: o AC-130J Ghostrider. O avião de ataque pesado, conhecido como "tanque voador", voltou a operar na região, marcando uma escalada significativa na presença militar estadunidense próxima à América do Sul e ampliando a tensão com a Venezuela.

De acordo com o jornal O Globo, que cita o New York Times, a aeronave foi avistada em uma base reativada por Trump em Porto Rico e, mais recentemente, em uma instalação controlada pelos EUA no aeroporto internacional de San Salvador, capital de El Salvador. O país é governado por Nayib Bukele, um dos principais aliados de Trump no continente. Segundo o jornal estadunidense, o Ghostrider foi usado em ataques no Pacífico que deixaram ao menos 75 mortos, embora o Pentágono não tenha confirmado o tipo de armamento empregado.

Avião de ataque com arsenal pesado

O AC-130J é operado pelo Comando de Operações Especiais da Força Aérea dos Estados Unidos. Ele atua ao lado do P-8A Poseidon, considerado o avião de patrulha marítima mais avançado do mundo, e de um C-40 Clipper sem marcações oficiais — versão militar do Boeing 737-800, cuja função ainda não foi divulgada.

Especialistas em defesa interpretam a presença dessas aeronaves como parte do cerco estratégico dos EUA ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela.

O poder do "tanque voador"

Desenvolvido a partir do C-130 Hércules, o Ghostrider é considerado a quinta geração dos "tanques voadores" da Força Aérea americana. Criado em 2012 e introduzido oficialmente em 2019, o modelo custa cerca de US$ 165 milhões (equivalente a R$ 870 milhões).

A aeronave combina sensores ópticos e infravermelhos com um poderoso arsenal de mísseis, bombas guiadas e dois canhões — um de 30 mm e outro de 105 mm, comparável a um obuseiro terrestre. Esse conjunto permite que o Ghostrider execute ataques devastadores a baixas altitudes contra alvos em solo ou no mar.

Histórico de destruição em guerras recentes

Durante as guerras no Afeganistão e no Iraque, versões anteriores do AC-130 ganharam notoriedade por sua precisão e capacidade destrutiva, sendo responsáveis pela eliminação de extensos campos de combatentes talibãs.

Escalada militar dos EUA

Nesta semana, o porta-aviões USS Gerald Ford, considerado o maior do mundo, chegou à região do Caribe em uma mobilização ordenada pelo presidente Donald Trump. A ação faz parte de uma estratégia antidrogas que, segundo o Pentágono, busca "reforçar a capacidade dos EUA para detectar, monitorar e desbaratar atores e atividades ilícitas que comprometam a segurança e a prosperidade da Pátria".

A embarcação integra uma frota composta por oito navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35, e faz parte de uma série de operações navais, aéreas e terrestres que o Pentágono tem intensificado no Caribe e em Porto Rico, onde reativou uma base militar fechada há mais de duas décadas.

Ataques contra embarcações

Desde o início das operações, os EUA já atacaram ao menos uma dezena de embarcações, resultando na morte de mais de 70 pessoas. A alegação de Washington é que as embarcações alvejadas estariam transportando drogas, embora não tenha apresentado provas da suposta alegação de narcotráfico.

Tensão com a Venezuela

A escalada militar dos EUA na região do Caribe e Pacífico tem ampliado a tensão na região, especialmente com a Venezuela. Washington acusa o presidente venezuelano Nicolás Maduro de liderar um cartel internacional de drogas, acusação que o mandatário nega categoricamente.

Há especulações de que a Casa Branca teria autorizado ações de inteligência em solo venezuelano para enfraquecer o poder de Maduro. Em resposta, Maduro ordenou uma "mobilização massiva" de tropas e emitiu um alerta para o risco de uma escalada militar sem precedentes na América Latina.

Artigos Relacionados