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Colômbia não descarta conceder asilo a Maduro em meio à pressão dos EUA

Pressão militar dos EUA intensifica discussão sobre possível saída negociada de Nicolás Maduro

Brasília (DF) - 29/05/2023 - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

247 - A chanceler colombiana, Rosa Villavicencio, afirmou que Bogotá poderá receber Nicolás Maduro caso o líder venezuelano deixe o poder. A afirmação foi feita em um cenário de crescente tensão sobre Caracas, impulsionado pelo avanço militar dos Estados Unidos na região do Caribe. As informações são do jornal O Globo.

A declaração ocorre no momento em que Washington amplia o cerco político e militar contra a Venezuela, enquanto o presidente colombiano, Gustavo Petro, defende uma transição que inclua anistia geral. A fala de Villavicencio foi dada em entrevista à Rádio Caracol.

Sinalização de Bogotá abre nova frente diplomática

“Se essa solução significar que ele terá que viver em outro país ou buscar proteção, então a Colômbia não tem motivos para dizer não”, afirmou a chanceler. Ela ressaltou que a decisão depende diretamente de negociações entre os Estados Unidos e o governo Maduro.

A diplomata ponderou ainda que “talvez Maduro prefira viver em algum local mais distante”, sinalizando que a possibilidade pode ser mais um gesto político do que uma proposta concreta. Villavicencio já havia dito, em novembro, à agência Bloomberg, que Maduro estaria perto de aceitar um acordo de transição, declaração da qual depois recuou.

Petro reforça críticas e cobra mudança política na Venezuela

Gustavo Petro voltou a defender que a crise venezuelana passa pela ampliação da democracia e pela construção de um governo de transição. Na rede X, afirmou que “o problema na Venezuela é a falta de democracia, e é hora de uma anistia geral e de um governo de transição que inclua a todos”.

Comentando a apreensão do passaporte do cardeal Baltazar Porras Cardozo, conhecido por críticas à situação dos direitos humanos, Petro afirmou que “a resposta à agressão externa não se resume à mobilização militar, mas sim a uma revolução democrática”.

Ele acrescentou que “a pátria de Bolívar não deve ser invadida por estrangeiros, nem por retórica vazia, nem por prisões da alma”, defendendo que o país “se defende com mais democracia e soberania”.

Ameaças de Trump elevam o clima de instabilidade

A Colômbia não reconheceu a vitória de Maduro na eleição presidencial do ano passado, mas mantém relações diplomáticas com Caracas. A situação, contudo, ganhou novo contorno com a pressão de Donald Trump, atual presidente dos Estados Unidos, que mobilizou dezenas de milhares de militares e ordenou a apreensão de um petroleiro venezuelano nesta semana.

Durante uma reunião de gabinete, Trump afirmou que qualquer país que produz drogas e as envia aos EUA poderia ser atacado, mencionando a Colômbia. No dia seguinte, declarou a jornalistas: “Ele será o próximo em breve. Espero que ele esteja ouvindo, ele vai ser o próximo”.

Sanções e tensões geopolíticas aumentam o isolamento

Petro tem criticado duramente a postura do governo norte-americano desde o retorno de Trump ao poder, intensificando o atrito bilateral. Como resposta, Washington incluiu o colombiano em uma lista de sanções sob a acusação de não combater de forma suficiente o narcotráfico.

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