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Cuba denuncia pressão dos EUA sobre países antes de votação na ONU

Ministro cubano das Relações Exteriores acusa Washington de chantagem diplomática e violação da soberania de nações

Bruno Rodríguez, ministro das Relações Exteriores de Cuba (Foto: Prensa latina )

247 - Durante uma coletiva de imprensa em Havana nesta quarta-feira (22), o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou as ações coercitivas do governo dos Estados Unidos, acusando Washington de violar a soberania de diversos países. Segundo o chanceler, os EUA têm tentado influenciar o voto de outras nações na Assembleia Geral da ONU, que voltará a discutir o bloqueio imposto à ilha caribenha, informa a agência Prensa Latina.

Bruno Rodríguez apresentou cópias de comunicações oficiais enviadas por Washington a governos da América Latina e da Europa. Nessas mensagens, afirmou, são utilizadas “pressões brutas, ameaças diretas e argumentos caluniosos” para dissuadir países de apoiarem a resolução que condena o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba.

“Documento mentiroso e desrespeitoso”

O chanceler cubano classificou o texto norte-americano como “um documento mentiroso, desrespeitoso com a soberania do Estado e descarado em sua abordagem”. Ele destacou que o governo dos Estados Unidos chegou a descrever Cuba como “uma ameaça à paz e à segurança internacionais”, o que considerou “ridículo e perigoso”.

Rodríguez afirmou que as acusações contra Havana são infundadas e que o objetivo de Washington é desacreditar o país. Entre os exemplos citados, mencionou a alegação de que Cuba “usa a resolução contra o bloqueio como uma arma” ou de que “não há bloqueio” — afirmações que, segundo ele, ignoram a vigência de leis extraterritoriais como a Helms-Burton e a Torricelli.

Impactos diretos e violações 

O chanceler cubano ressaltou ainda que as sanções têm consequências diretas para a economia da ilha. Ele mencionou que, recentemente, um país se recusou a fornecer peças de reposição e combustível necessários ao funcionamento de uma das principais usinas termelétricas cubanas, o que afetou o sistema elétrico nacional.

Rodríguez também rejeitou as acusações de violações de direitos humanos em Cuba e comparou-as com os problemas internos dos EUA. “Enquanto nos acusam, enfrentam violações sistemáticas em seu próprio território — desde a política migratória até a repressão policial contra minorias”, declarou. Ele citou ainda o envolvimento norte-americano em conflitos como o de Gaza, chamando de “ato de escárnio” a tentativa de classificar Cuba como uma ameaça à paz regional.

Isolamento e condenação

O ministro criticou o atual cenário político dos Estados Unidos, observando que, apesar de viverem uma crise interna e de enfrentarem questionamentos por sua atuação no Oriente Médio, as autoridades em Washington continuam a “pressionar, intimidar e chantagear nações soberanas”. Para Rodríguez, essa “ansiedade ilusória” reflete o isolamento crescente da política externa norte-americana e o temor de uma nova condenação expressiva na ONU.

“Estou confiante de que a verdade prevalecerá sobre a pressão, a chantagem e a calúnia”, concluiu o ministro.

A Assembleia Geral das Nações Unidas votará pela 33ª vez a resolução que pede o fim do bloqueio contra Cuba nos dias 28 e 29 de outubro, em meio à expectativa de mais uma ampla rejeição à política dos Estados Unidos.

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