Governo Milei anuncia 'botão mudo' para silenciar jornalistas na Casa Rosada
Medida permitirá ao porta-voz interromper perguntas durante coletivas de imprensa; implementação ocorrerá nos próximos dias
247 - O governo argentino, liderado por Javier Milei, anunciou planos para implementar um "botão mudo" nas coletivas de imprensa realizadas na Casa Rosada. De acordo com reportagem do El País, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, explicou que a medida permitirá silenciar jornalistas que excedam o tempo de suas perguntas ou causem interrupções durante as entrevistas. Adorni afirmou que a intenção é alcançar a liberdade de expressão "em todo seu esplendor". A resolução que oficializará essa medida será publicada "nos próximos dias".
Além do "botão mudo", o governo planeja implementar um sistema no qual o público poderá votar para decidir quais jornalistas participarão das coletivas, comparando a iniciativa à dinâmica de interação com o público em reality shows. Adorni também mencionou a introdução de um código de vestimenta exigindo terno e gravata para homens, sem especificar as diretrizes para mulheres. Somente jornalistas com contrato fixo e de meios de comunicação reconhecidos terão acesso às coletivas.
Ataques do governo à imprensa
A relação entre Milei e a imprensa tem sido marcada por tensões desde o início de seu mandato. O presidente frequentemente critica jornalistas que o questionam, utilizando termos como "mentirosos", "imbecis" e "corruptos". Recentemente, Milei atacou Carlos Pagni, um dos analistas mais respeitados da Argentina e colunista do El País, após este ter feito observações sobre a aparente força artificial do peso argentino. Em suas redes sociais, Milei expressou: "Sinceramente, me repugnam de modo superlativo todos esses jornalistas operadores [...]. Aos jornalistas marionetes operadores e aos seus titereiros, comento que devem trabalhar em ser eficientes e adequar o estoque de capital, enquanto que, no governo, vamos nos encarregar de continuar baixando impostos que permitam ainda maiores salários".
Essas iniciativas recentes são parte de uma série de ações do governo Milei que têm sido interpretadas como tentativas de restringir a liberdade de imprensa na Argentina. Em setembro de 2024, o presidente assinou um decreto que ampliava as exceções que permitem ao Estado negar informações solicitadas por jornalistas e cidadãos, limitando o acesso à informação pública. Organizações da sociedade civil criticaram a medida, afirmando que ela enfraquece os padrões internacionais de direitos humanos e de luta contra a corrupção.
Além disso, em julho de 2024, Adorni já havia anunciado que o acesso às coletivas de imprensa na Casa Rosada seria restrito a "jornalistas de fuste, com experiência e de meios altamente reconhecidos". Ele enfatizou que os jornalistas considerados aptos deveriam "sentir que é uma honra estar na Casa Rosada cobrindo o que acontece com o presidente". Essa postura foi vista como uma tentativa de controlar quais profissionais têm acesso às informações governamentais.
A comunidade internacional e organizações de direitos humanos têm expressado preocupação com essas medidas. Em janeiro de 2025, a Human Rights Watch alertou sobre obstáculos ao exercício do direito à manifestação pacífica na Argentina, destacando uma retórica hostil do governo em relação a jornalistas e à comunidade LGBT, além de medidas que limitam as liberdades civis. O governo de Milei desqualificou essas críticas, argumentando que está protegendo a ordem pública.
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