HOME > América Latina

Movimentos populares celebram em Mar del Plata 20 anos do “Não à ALCA” com ato pela soberania dos povos

Evento reúne lideranças sindicais e sociais da América Latina e relembra a resistência contra o projeto neoliberal dos EUA

Comemoração dos 20 anos da vitória do movimento 'Não à Alca!' (Foto: Prensa Latina )

247 - A cidade argentina de Mar del Plata encerra nesta quarta-feira (5) as atividades de comemoração pelos 20 anos do “Não à ALCA”, marco histórico na luta pela soberania dos povos latino-americanos. Segundo informações da agência Prensa Latina, o evento acontece no Auditório do Centro Provincial de Artes e reúne lideranças sindicais, sociais e políticas de diversos países do continente.

Organizado sob o lema “Pela soberania dos povos, contra a direita e o neoliberalismo”, o encontro relembra novembro de 2005, quando a Cúpula dos Povos, paralela à Cúpula Ibero-Americana, transformou Mar del Plata no epicentro da resistência continental contra a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), proposta de integração subordinada aos interesses de Washington.

Debates sobre trabalho, juventude e democracia

O último dia da programação inclui quatro painéis temáticos: o primeiro sobre o papel do movimento sindical; o segundo voltado à juventude; o terceiro dedicado à participação das mulheres na vida social, política e sindical; e o quarto, aos movimentos sociais.

Entre os principais palestrantes estão Rafael Freire, secretário-geral da Confederação Sindical das Américas; Mónica Valente, secretária-executiva da Frente Social e Popular; e Hugo Godoy, secretário-geral da Central Sindical Autônoma dos Trabalhadores da Argentina (CTA). Também participam Hugo Yasky, dirigente da CTA dos Trabalhadores; Alejandro Gramajo, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Economia Popular; e Roberto Baggio, da Direção Nacional do Movimento Socialista e Operário.Um dos organizadores confirmou à Prensa Latina a presença do governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, que encerrará o evento com um discurso.

Reflexões sobre os 20 anos do “Não à ALCA”

A abertura do encontro, na terça-feira (4), contou com mesas-redondas sobre o “Significado Histórico dos 20 Anos do NÃO à ALCA”, com a participação do deputado e ex-chanceler argentino Jorge Taiana e de Manuel Bertoli, representante da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (ALBA).Outro painel abordou as “Ameaças às Democracias”, com Thelma Luzzani, do Mundo Sur; Carlos Martínez, da Frente Sindical Mundial; e Misiara Oliveira, da direção do Partido dos Trabalhadores, do Brasil. Já o terceiro debate, sobre “Cenários e desafios para a integração e a soberania regional”, contou novamente com Freire, Valente, Gramajo e Melina Santilli, da Confederação Geral dos Trabalhadores.

“Um grito contra a dominação”

Durante a cerimônia de abertura, o secretário de Relações Internacionais da CTA Autónoma, Adolfo Aguirre, destacou o simbolismo da rejeição ao acordo imposto por Washington.

“Dissemos não à rendição, não à dependência, não ao modelo que queria transformar nossa América no quintal de sua potência econômica”, afirmou.

Aguirre ressaltou ainda que o movimento foi mais do que uma recusa a um tratado comercial:

“Aquele NÃO à ALCA não foi apenas uma rejeição a um acordo comercial. Foi um SIM retumbante à soberania, à integração regional, à justiça social e ao trabalho decente. Foi o grito de um povo cansado de políticas impostas e medidas de austeridade.”

Apoio de Cuba e mensagem de Díaz-Canel

Os participantes também destacaram a mensagem de solidariedade enviada pelo presidente cubano Miguel Díaz-Canel, que lembrou a importância histórica da data.

“O 4 de novembro de 2005 ficou inscrito na história do continente como um grito de independência e rebelião”, afirmou o líder cubano, acrescentando que “não se tratava de livre comércio, mas de exploração desenfreada”.

Com discursos que ecoam o espírito de resistência de duas décadas atrás, a celebração em Mar del Plata reafirma o compromisso dos povos latino-americanos com a soberania, a integração e a justiça social diante dos desafios contemporâneos impostos pelo neoliberalismo.

Artigos Relacionados