30ª Parada LGBT do Rio: quando corpos dissidentes reorganizam a imaginação democrática
Como em todos esses 30 anos, a celebração foi construída por muitas mãos
A 30ª Parada LGBT do Rio de Janeiro reafirmou algo que a política institucional ainda demora a aprender: a democracia brasileira só pode ser plenamente reconstruída quando os corpos dissidentes forem reconhecidos como parte central de sua arquitetura — não como exceção, não como tolerância, mas como fundamento.
Ao longo do percurso, uma convergência poderosa se formou. Carlos Minc, Benny Briolly, Mônica Benício, Jandira Feghali e Dani Balbi destacaram a urgência de reestruturar a democracia desde as margens históricas, onde se produzem não apenas outras formas de existir, mas também outras formas de pensar o país. A mensagem foi clara: a democracia só se expande quando os corpos que ela tentou excluir passam a redesenhá-la por dentro.
Houve também um recado internacional: o “Fora Milei” ecoou entre os trios e lembrou que o projeto da extrema direita — que destrói políticas sociais, cultura, ciência e direitos — é transnacional. A resposta, portanto, também precisa ser. A Parada fez da rua um contraponto direto às políticas de ódio que avançam em vários países.
E, como em todos esses 30 anos, a celebração foi construída por muitas mãos. Uma festa erguida por corpos que resistem, produzem, criam e insistem em existir. Entre essas presenças fundamentais está Cláudio Nascimento, cuja trajetória segue sendo um eixo de sustentação do movimento LGBT no Rio e no Brasil. Sua voz e sua articulação mantêm viva a memória política do que significa ocupar a rua como gesto de emancipação.
A 30ª Parada LGBT do Rio mostrou que a democracia brasileira se fortalece quando aprende com seus corpos dissidentes. Porque, no fim, é na rua — e nos corpos que nela dançam — que o futuro insiste em nascer.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




