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Wang Yiwei

Wang Yiwei é Professor Titular da Cátedra Jean Monnet, vice-presidente da Academia do Pensamento de Xi Jinping sobre o Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era da Universidade Renmin da China.

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A construção da civilização ecológica

A Iniciativa Cinturão e Rota Verde baseia-se na construção de uma civilização ecológica, que pode ser entendida pela unidade entre história e lógica

Foto de Família - COP30 - Belém-PA (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

1. História

Antiga: O I Ching interpreta a regeneração contínua dentro da civilização chinesa. O historiador Arnold Toynbee também afirmou que as civilizações que não se adaptam perecem. O mito de Yu, o Grande, que domou as enchentes, ilustra a visão chinesa de governança ecológica — em contraste com a narrativa bíblica da Arca de Noé, centrada na fuga e salvação.

Moderna: As derrotas nas Guerras do Ópio resultaram do atraso civilizatório — atraso leva à vulnerabilidade. Na atual transformação da civilização humana, da industrial para a ecológico-digital, a China abraça a mudança com vigor, buscando ultrapassar as curvas ou até mudar de pista.

Contemporânea: A integração do marxismo com a cultura tradicional refinada recriou a civilização chinesa e reconstruiu o país, concretizando a tríade pátria-nação-Estado e criando uma nova forma de civilização humana.

2. Lógica

Primeira lógica: Harmonia entre humanidade e natureza. O conceito de Comunidade de Destino Marítimo também prega harmonia entre o ser humano e o oceano. Harmonia, coexistência e prosperidade mútua são princípios da cultura chinesa. A grande virtude do céu e da terra é gerar e sustentar a vida.

Segunda lógica: Unidade entre conhecimento e ação. O lema “Águas límpidas e montanhas exuberantes são ativos inestimáveis” está profundamente enraizado no coração do povo e foi incorporado ao Código Ecológico, uma contribuição notável à tradição jurídica civil do mundo.

Terceira lógica: Coordenação holística — gestão integrada de montanhas, rios, florestas, campos, lagos, pastagens e desertos. Envolve a transformação verde da produção, da vida cotidiana e da mentalidade, contrastando com a frase de George W. Bush: “O modo de vida americano não está em negociação.”

Quarta lógica: Desenvolvimento paralelo — digitalização da indústria e industrialização do digital; ecologização do digital e digitalização do verde. Como a base da inteligência artificial é a eletricidade, o avanço chinês em novas energias impulsiona ambas as transições.

Quinta lógica: A lógica do povo. O desejo popular por uma vida melhor é a força motriz da civilização ecológica chinesa. Barack Obama, em 2010, disse à TV australiana: “Se mais de um bilhão de chineses viverem como australianos e americanos, todos teremos um tempo miserável; o planeta não suportará.” Isso mostrou que o povo chinês não pode seguir o “sonho americano”, mas precisa de um caminho sustentável. O acadêmico Ding Zhongli afirmou: “O objetivo não é salvar o planeta, mas salvar a humanidade.” Sob a liderança firme do Partido Comunista da China, o cumprimento das metas de carbono é obrigação de Estado: quem não as alcança, perde o cargo.

Sexta lógica: Estabelecer antes de desmontar. É preciso olhar o amanhã a partir do depois de amanhã, não apenas do ontem. Se antes o clima era visto como instrumento ocidental de contenção, hoje é entendido como arena de competição futura. Ambição e pragmatismo devem caminhar juntos.

Sétima lógica: Dialética — proteger enquanto desenvolve e desenvolver enquanto protege. O núcleo é transformar a proteção ambiental em fonte de receita, e não em custo, mobilizando forças de mercado.

Oitava lógica: Mercado nacional unificado. Inclui transmissão de energia do oeste para o leste, abastecimento do norte para o sul, integração de hidrelétricas, térmicas, eólicas e solares, e participação na interconexão energética global, impulsionada por governo forte e mercado eficiente.

Nona lógica: Adaptação às condições locais. O modelo chinês combina ética secular com espírito socialista. O rápido avanço da digitalização e dos veículos elétricos decorre de um equilíbrio prático, sem dogmas como o “excepcionalismo americano” ou rigidez sobre privacidade absoluta.

Décima lógica: Desenvolver a si e aos outros. Do velho tolo que removeu as montanhas à domesticação do Rio Amarelo, da China verde ao mundo verde, o país contribui ativamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. A sustentabilidade da civilização chinesa amplia-se para a sustentabilidade da civilização humana — essa é a origem do sucesso da Iniciativa Cinturão e Rota Verde.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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