A despeito de Flávio, Tarcísio será o candidato “aperol” da Faria Lima
Flávio Bolsonaro vai provocar um racha
Os que pensam que com o anúncio “oficial” do nome de Flávio Bolsonaro para disputar as eleições presidenciais de 2026 a parada da direita está decidida, enganam-se. Nada faz o cenário político mais indefinido como o nome posto.
Flávio Bolsonaro atende ao núcleo bolsonarista raiz, talvez a uma parcela dos votos de cabresto urbano, como a dos evangélicos, mas isso redunda no máximo em 25 a 30% do eleitorado, como têm demonstrado as pesquisas, que conservam o nome de Jair nas consultas exatamente para não perder de vista esse bocado de eleitores.
Flávio é claudicante, monossilábico, tem carisma zero e seu único trunfo é falar em nome do pai. Preso na Polícia Federal ou em domiciliar, a influência de Jair Bolsonaro já não é tão levada em conta assim. A menos que, em casa, concedida a domiciliar, Alexandre de Moraes amoleça o coração e volte a permitir a verdadeira romaria de políticos que com ele articulou durante todo o tempo em que cumpriu a “preventiva”, na pérgula da piscina. Sozinho, sendo levado aos comícios numa efígie de papelão (olha a chuva!!!), ele é apenas isso: uma imagem que sob sol e chuva vai se esmaecendo.
Pelo visto, o pai já o perdoou pelo plano de fuga tabajara que o jogou mais rápido na prisão definitiva, ao chamar uma vigília para viabilizar a provável escapulida. É assim, o 01, meio atabalhoado e visivelmente inseguro. A ponto de em agosto de 2016, ao disputar com a deputada Jandira Feghali (PC do B) o cargo de prefeito do Rio, ter tido uma descarga intestinal, depois de uma daquelas saraivadas que só a deputada sabe dar, com um jorro de argumentos que o nocauteou. Flávio Bolsonaro desmaiou. No palco. Diante do eleitorado perplexo. Daqui por diante, vai ter vida difícil. Ou se esquiva dos debates ou vai de fraldão.
Para se ter uma ideia do quanto o nome de Flávio Bolsonaro é improvável além das touceiras bolsonaristas, basta dar uma olhada na movimentação da bolsa de valores. O índice Ibovespa, que não parava de subir, batendo recordes seguidos, hoje estacionou e o dólar, até aqui em queda, subiu como um foguete, parecendo demonstrar que “ele não!”.
É público e sabido que a Faria Lima conta com Tarcísio de Freitas, a quem já ungiram com o título de pré-candidato. Primeiro porque com um terno azul royal bem cortado, ele não faz feio nos salões. Ignoram, como fizeram em 2018, que torcem por um postulante ao cargo máximo, adepto da matança do seu secretário de Segurança, Guilherme Derrite, das escolas militarizadas, e do slogan de Bolsonaro: “o povo armado jamais será escravizado”. Os mesmos que lá naquela eleição, acharam que Jair poderia ser domado por Paulo Guedes, (para eles, o verdadeiro timoneiro daquele mandato), tamparam o nariz e mergulharam nas urnas com o 22, agora fingem não perceber nada disso. E, muito menos, que o time de Tarcísio é o mesmo – militares fora, pois estão todos presos -, de Jair. No momento, o que podem fazer é pressionar para que ele aceite a incumbência, se descolando da “família”.
O nome de Flávio Bolsonaro também não é unanimidade no Centrão. Vai provocar um racha. A seu lado, talvez fiquem o senador Rogério Marinho, o também senador Girão, Damares Alvez e outros desse naipe, mas é de se esperar que o Centrão tradicional da política, aquele que vem de longe, com pele de raposa, não vai engolir essa. Os que têm trânsito no mercado financeiro certamente vão aguardar o anúncio da dissidência: Tarcísio. Há os que apostam que ele dirá um sonoro não, porque “não quer trair Jair”. (Ora! Foi traído por ele! Ou a escolha de Flávio não é uma traição?). E está com a vitória praticamente garantida em seu estado.
A esta altura, o governador paulista é a boia onde se agarram os amigos da jornalista que procura um candidato “tranquilinho” para chamar de seu. Tarcísio Freitas com ou sem boné do MAGA, será compelido a aceitar – sob pena de não ter quem invista na sua campanha para o governo de São Paulo, onde a força da grana ergue e destrói – o posto à corrida para a presidência. Fadada ao fracasso? Talvez, mas é onde os “farias limes” poderão desaguar seus votos, sem ter que apostar, mais uma vez, na radicalização dos Bolsonaro.
Tarcísio é o candidato “aperol” que as viúvas do PSDB sonharam para 2026. Porque, de verdade, ele não será a aposta para a próxima. Tarcísio será testado nas urnas, para criar casca para 2030. Aguardem. As urnas terão seu nome.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




