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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Sexta sem lei, mas com ferro de solda

Toda casa tem um ferro de solda, não é mesmo?

O ex-presidente Jair Bolsonaro em sua casa em Brasília-DF, onde cumpre prisão domiciliar, enquanto aguarda a execução penal pela condenação por golpe de Estado - 29/09/2025 (Foto: REUTERS/Diego Herculano)

Toda casa de ex-presidente tem um ferro de solda com ponteira. Certo? Talvez. Mas na casa de Jair Bolsonaro tinha um.

A GloboNews exibiu uma gravação, feita por uma policial do sistema penitenciário, em que ela trava um diálogo com Jair Bolsonaro. As imagens são impressionantes. Mostram que Bolsonaro tentou, não romper a pulseira da tornozeleira que se prende à perna, mas sim, danificar o miolo acoplado à pulseira, onde ficam embutidos os dispositivos eletrônicos que emitem os sinais de localização, horários e as informações costumeiras.

A policial pergunta como Jair fez aquilo? Ele responde que usou um ferro. Ela quer saber se foi ferro de passar. Ele diz que não e explica que usou um ferro de solda. Ela pergunta se foi daqueles que tem uma ponta. Ele confirma que sim, exibindo o tornozelo com a peça com marcas de derretimento à toda volta.

Às 23 horas desta sexta-feira (21/11), Flávio Bolsonaro, o filho 01, fez a postagem convocando para a “vigília” em frente ao condomínio onde Bolsonaro se encontrava em prisão domiciliar. Com um apelo melodramático, esperava um juntamento providencial, que permitiria ao pai se misturar aos que ali acorressem, entrar num carro e fugir. Um plano engenhoso, mas que não seu certo.

O mais intrigante: Michelle não estava em casa. (Para fugir do flagrante de cumplicidade de fuga). 

Quem se encontrava lá, outro dado surpreendente, era o deputado Hélio Negão, seu fiel escudeiro, para assuntos aleatórios. Por que Bolsonaro teria perto de si, naquela noite, o amigo de fé, irmão camarada? Sabia que a Polícia chegaria, ou precisaria de um apoio na fuga?

A princípio, tentaram a desculpa de que Bolsonaro teria avariado o equipamento ao bater com a perna numa escada. Mas, diante do derretimento de toda a calota do equipamento, só restou a Bolsonaro confessar que tentou anular os sinais da tornozeleira.

D. Michelle “não soube de nada”. Hélio Negão estava ali porque “sempre estava”. E o ferro de solda estava lá porque, vamos combinar, toda casa tem um ferro de solda, não é mesmo?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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