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Ricardo Nêggo Tom

Músico, graduando em jornalismo, locutor, roteirista, produtor e apresentador dos programas "Um Tom de resistência", "30 Minutos" e "22 Horas", na TV 247, e colunista do Brasil 247

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A mesa onde o Brasil foi servido

No cardápio dessa janta funesta, o prato principal foi o fígado do povo brasileiro que começou a ser cozido no processo de impeachment de Dilma Rousseff

Guilherme Derrite (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

A primeira coisa que me veio à mente ao saber do jantar envolvendo Artur Lira, Guilherme Derrite e Eduardo Cunha, foi a música "Bichos escrotos", sucesso da banda Titãs nos anos 1980. Como um bicho saído do lixo da história política do país, o evangélico Eduardo Cunha tenta articular com a barata de pata cascuda de Alagoas – Arthur Lira - e com a pulga que habita as rugas de preocupação de Tarcísio de Freitas com seu futuro político – Guilherme Derrite, um golpe na segurança pública do Brasil.

Uma ceia de ratos que tentam entrar nos sapatos dos cidadãos civilizados que ainda resistem bravamente a esta infestação da extrema-direita no parlamento brasileiro. No cardápio dessa janta funesta, o prato principal foi o fígado do povo brasileiro - por sugestão de Cunha - que começou a ser cozido no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O molho de sangue preto e pardo foi sugerido por Derrite, um produtor em grande escala de um "condimento" extraído da carne preta e periférica de paulistanos mortos por ele quando servia a Rota, e como Secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo.

Arthur Lira sugeriu um doce de emendas parlamentares como sobremesa, com as quais ele manterá o seu reinado e a sua condição de eminência parda na Câmara. Bichos escrotos que saem dos esgotos para enfeitar o discurso hipócrita de combate ao crime organizado, para satisfazer o nobre e corrupto paladar de uma facção chamada extrema-direita. O texto proposto por Derrite recebeu críticas até mesmo de aliados bolsonaristas. Pressionado pelo Governo e pela sociedade, o pupilo de Tarcísio teve que recuar da ideia de limitar a autonomia no trabalho da Polícia Federal nos estados.

Derrite e Hugo Motta convocaram uma coletiva no saguão da Câmara para desdizer o que estava dito na proposição inicial do PL Antifacção, e culpar a esquerda e o governo pela “narrativa” criada em prejuízo do plano orquestrado pela extrema-direita de escantear a PF de investigações nos estados. Derrite foi obrigado a alterar o texto que acabou ficando muito mais próximo daquilo que o governo havia proposto para combater a criminalidade urbana. Uma indigestão que precisava ser compensada com um jantar onde todos falassem a mesma língua, desfrutassem os mesmos gostos, e compartilhassem um mesmo interesse: Jogar o Brasil no esgoto de onde eles saíram.

Resumo da janta: Oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, vão se f... Porque aqui na face da terra de Santa Cruz só bicho escroto é o que vai ter. Se o povo deixar....

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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